Morte de recém-nascida: Gilson é alvo de segundo pedido de impeachment assinado por cargo de confiança da gestão Abelardo-Foloni; pais de bebê registram B.O.

Paulo Egídio Grigolin (MDB), ex-vereador, ex-chefe de gabinete e candidato a vice do ex-prefeito Fernando Foloni nas eleições 2024, protocolou nesta semana, na Câmara Municipal de Bariri, mais um pedido de impeachment contra Gilson de Souza Carvalho (PSB), por suposta quebra de decoro parlamentar.
Assim como o primeiro pedido protocolado pelo servidor público Carlos Roberto Furcin, Grigolin afirma que Gilson disseminou informações falsas ao atribuir a morte de uma bebê recém-nascida com a falta de oxigênio na Santa Casa de Misericórdia de Bariri.
O hospital nega a ausência de oxigênio e recebeu o respaldo do Ministério Público, através do Promotor de Justiça dr. Nelson Aparecido Febraio Junior, que vistoriou a maternidade da Santa Casa após a denúncia.
“O oxigênio canalizado direto aos quartos é abastecido por meio de um tanque, que sempre é reabastecido e se encontra devidamente abastecido. Além do oxigênio canalizado, direto no quarto acaso a criança precisasse, foi confirmado in loco, que há botijões externos de oxigênio para emergências”, concluiu o Ministério Público por meio de ata.
Segundo a Santa Casa, o falecimento da bebê foi causado por choque cardiogênico, causado por insuficiência cardíaca, sendo resultado de um quadro de prematuridade extrema.
“Os médicos e a equipe de enfermagem executaram todos os procedimentos médicos possíveis para tentar reverter o quadro, inclusive a entubação do bebê. Todo o protocolo de emergência foi executado rigorosamente, mas, infelizmente, devido à condição de prematuridade extrema, a criança não resistiu. As afirmações de que houve falta de oxigênio na Santa Casa de Bariri são absolutamente falsas e irresponsáveis. A análise do atestado de óbito do bebê comprova que a causa da morte foi um choque cardiogênico decorrente da prematuridade extrema, sem qualquer relação com falta de oxigênio ou falha no atendimento prestado pela equipe médica”, disse o hospital em nota.
Gilson, por sua vez, nega que disseminou fake news. O vereador sustenta que foi procurado pelos pais da recém-nascida que pediram ajuda. Que relatou no Legislativo apenas o que foi informado pelos pais.
“Na palavra livre, minha intenção era apenas comentar sobre os pedidos e justificar suas razões. No entanto, ao ser questionado pelo vereador Rubinho sobre a Santa Casa, acabei mencionando o falecimento da criança. Segundo os pais, a causa foi a falta de oxigênio e o fato de as portas não terem se aberto. Em nenhum momento fiz qualquer afirmação inverídica. Apenas relatei o que me foi informado pelos pais da vítima”, informou o vereador.
Sobre o novo pedido de impeachment, Gilson disse à nossa reportagem que “não tem nada a declarar” e que “vai aguardar as consequências da sessão da próxima quinta-feira”.
As duas denúncias que pedem o impeachment de Gilson entrarão na ordem do dia da sessão ordinária de 06 de março (quinta-feira pós carnaval). Os oito vereadores e o suplente de Gilson pelo PSB, Dr. Paulo Crepaldi, votam pelo acolhimento ou arquivamento da representação.
Se a maioria simples dos parlamentares presentes na sessão decidir pelo acolhimento, será aberta uma Comissão Processante (CP), para julgar a suposta prática de quebra de decoro parlamentar de Gilson, procedimento que tem o prazo de 90 dias e pode culminar em impeachment. Caso o voto seja pelo não recebimento da denúncia, a representação será arquivada.
O Noticiantes transmitirá a sessão ordinária na íntegra, através do YouTube e Facebook.
Boletim de ocorrência
Nesta segunda-feira (24), os pais da recém-nascida que veio a óbito na Santa Casa, registraram boletim de ocorrência contra o hospital na Polícia Civil.
Acompanhados de advogado, os pais declararam que “a criança permaneceu na UTI neonatal na Santa Casa de Jaú até 30/12/2024, recebendo alta da unidade intensiva para permanência da internação em quarto ambulatorial na Santa Casa de Bariri. Em Jaú, em várias oportunidades, a criança necessitou de oxigenação em momentos de insuficiência respiratória, de tal forma que nos momentos críticos a criança rotineiramente recebia a oxigenação e voltava às condições normais de respiração na sequência”.
Transferida para Bariri, segundo os pais, “a criança teria sido colocada no quarto 06 da pediatria, que não dispunha de aparelho adequado de oxigenação. Informam que a criança seguia internada em aparente evolução, apresentando ganho de peso, até que no dia 16/01/2025, por volta das 19h00, no momento da amamentação, no colo da enfermeira, a criança começou a ficar roxa, apresentando dificuldades respiratórias, de tal forma que a enfermeira saiu correndo com a criança em direção à unidade intensiva, certamente em busca de oxigenação, porém. Após umas duas horas, receberam a informação do óbito”, continua o B.O.
Para concluir, os pais acrescentam que “a criança apresentou em Jaú os mesmos sintomas citados no fato ocorrido em Bariri, porém, em Jaú, houve reversão do quadro com o imediato fornecimento de oxigenação, o que não ocorreu em Bariri, pois o quarto não dispunha de equipamento para tal”.
O escrivão da Polícia Civil ainda faz uma observação, ressaltando que o boletim de ocorrência foi redigido “com base nas informações dos genitores da vítima, que não possuem conhecimentos específicos, técnicos ou clínicos, de tal forma que o presente registro receberá o título ‘não criminal’ à princípio, sendo prematuro atribuir ao fato natureza criminal de imediato, pendente a integral apuração do fato”.
Os pais do bebê também autorizaram o acesso da Polícia Judiciária aos prontuários de internação da vítima para instauração de Inquérito Policial. Imagens que os pais fizeram do quarto onde a bebê ficou internada foram anexados ao B.O. Eles acreditam que havia apenas “um cano” no local, que não contava com oxigenação.
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