Mulheres denunciam vereador Auro Octaviani por discurso misógino e intolerância religiosa na Câmara de Agudos

Mulheres denunciam vereador Auro Octaviani por discurso misógino e intolerância religiosa na Câmara de Agudos
Mulheres denunciam vereador Auro Octaviani por discurso misógino e intolerância religiosa na Câmara de Agudos

 O vereador Auro Octaviani foi denunciado na Comissão de Ética na Câmara de Agudos pelos ataque e ofensas feitos a mulheres nas duas últimas sessões da Casa de Leis. O documento foi protocolado no final da tarde de sexta-feira passada (06) e será apreciado pela comissão que tem o vereador Luís Breve como presidente.
A representação contra Auro foi assinada por Débora Sant’ana Lima e pela ex-vereadora Maria Antonia da Silva, a Tata, que se sentiram ofendidas com as falas do vereador. O documento é robusto e tem embasamentos legais para que sejam aplicadas penalidades ao vereador.
De acordo com o documento, Auro teria cometido infração com base no artigo 369 do regimento da Casa de Leis, tendo caracterizada a quebra de decoro parlamentar.
“Ante ao exposto, a quebra do decoro parlamentar está evidente. Contudo, tendo em vista que restou demonstrado o uso do cargo para intimidar cidadão que não é parlamentar, com ameaças de exposição, injúrias, será demonstrado que o discurso proferido pelo denunciado contém elementos de misoginia e de racismo religioso”, cita a peça de representação.
Citando palavras e frases que Auro usou na oportunidade, como: “vaca”, “bruxa”, “feia”, “nem o marido aguentava ela”, o texto sustenta que tais termos afetam a dignidade da classe feminina.
“O vereador parte do pressuposto de que a mulher, para ter dignidade, precisa necessariamente ter um marido, ou seja, um homem que a sustente, como se mulheres não fossem capazes de prover o próprio sustento – ou ainda pior: como se as mulheres não tivessem esse direito e tivessem que ficar à mercê de “arrumar marido”. Tudo isso, reforçando o estigma social que existe em desfavor de mulheres solteiras e divorciadas. Assim, nota-se que no entender machista do referido vereador, a mulher deve ser casada, não pode emitir opinião – senão corre o risco de ser xingada na Câmara da própria cidade – e, ainda, tem que atender a determinado padrão de beleza, como se tais condições diminuíssem a condição de ser humano da mulher”, descreve o documento.

 

Intolerância religiosa

O documento cita ainda, que Auro associou religiões de matriz africana ao diabo, citando termos como “macumba do diabo”. Com isso, as denunciantes alegam que o presidente da Câmara pregou que sua religião é superior a outras formas de fé.
“O edil acabou por destilar seu preconceito com palavras de ódio desrespeitando todos os praticantes de religiões não cristãs e, especialmente, as de matriz africana ao associar “macumba” ao diabo, como se aquela munícipe, assim como os praticantes de religiões afro-brasileiras, exercesse seu culto para prejudicar o próximo e para amaldiçoar terceiros”, segue o texto. 
Por fim, as mulheres denunciantes pedem que sejam tomadas providências da Comissão de Ética contra Auro Octaviani, sob pena de prevaricação e conivência a outros vereadores que não cumprir o regimento e a lei.
Segundo apurado por nossa reportagem até o fechamento desta edição, o alvo da denúncia, presidente da Câmara Auro Octaviani, ainda não despachou o documento à Comissão de Ética. Caso ele continue ignorando a denúncia após o prazo regimental, as denunciantes devem entrar com um mandado de segurança junto ao Ministério Público. 

 

Marcos Dias repreende Auro Octaviani 

Na sessão camarária do dia 2 de outubro, o vereador Marcos Dias se incomodou com a postura ofensiva de Auro Octaviani e acabou repreendendo o presidente da câmara. 
Em meio ao clima quente, Marcos pediu para Auro não ofender e não generalizar as pessoas. O vereador tornou a falar sobre o assunto na sessão desta segunda-feira (10).
“Presidente, estou sendo muito cobrado quanto à postura do senhor em frente às mulheres; em frente aos funcionários. Semana passada, o senhor chegou a chamar algumas professoras e alguns funcionários de burros.  Em nome da população agudense, em nome de todas as mulheres, de todas as pessoas que se sentem ofendidas, eu vou em defesa. Essa Casa de Leis é lugar de discutir projetos e legislar”, disse Marcos.