Myrella representa Bariri e centro-oeste paulista na Esplanada dos Ministérios, durante evento que reuniu parlamentares trans de todo o Brasil

Myrella representa Bariri e centro-oeste paulista na Esplanada dos Ministérios, durante evento que reuniu parlamentares trans de todo o Brasil

“Foi uma honra poder participar de um evento tão significativo a nível nacional contando com a participação de parlamentares eleitas em todo o país. Fui a representante de Bariri e do centro-oeste paulista, participei também da marcha onde estiveram reunidas diversas autoridades e organizações sociais de vários estados e países. A ideia é criar uma coalizão entre todas nós, para que nos apoiemos nas mais diversas situações; para que cada vez mais pessoas trans ocupem lugares de relevância na sociedade. Precisamos fortalecer as lideranças trans na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e aumentar a bancada na Câmara dos Deputados, chegar ao Senado, enfim...” – Vereadora Myrella Soares (União Brasil)

 

Parlamentares transexuais de todo o país se reuniram na Capital Federal para participarem da “Marsha” Nacional pela Visibilidade Trans. O evento ocorrido na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, no último dia 26 de janeiro, teve como tema “Vida, Direitos e Futuro para a População Trans”, além de celebrar o Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro.


A palavra marcha foi grafada propositalmente como “marsha” em homenagem à ativista Marsha P. Johnson, que lutou pelos direitos da população LGBTQIA+ nos Estados Unidos entre os anos 60 e 90.
Myrella Soares (União Brasil), vereadora que cumpre seu segundo mandato em Bariri, representou o município e o interior paulista no evento. Mulher trans, Myrella já havia sido destaque na imprensa nacional, após as eleições 2024. Na oportunidade, grandes portais de notícias, como G1 e Uol, colocaram a parlamentar baririense na lista de candidatas trans mais votadas do país.  Em Bariri, ela foi reeleita com quase 500 votos. 

“Infelizmente nossos corpos ainda são colocados em situações de inferioridade diante dos demais integrantes da sociedade. O Brasil ainda é o país que mais agride e mata pessoas transexuais de todo o planeta. A porcentagem daquelas que conseguem uma oportunidade no mercado de trabalho e, até mesmo o acesso à educação, é baixíssima”, disse Myrella.


Segundo a organização do evento, cerca de 4 mil pessoas participaram da manifestação. As cores da bandeira trans (azul, rosa e branco), marcaram os cartazes, roupas e acessórios. A concentração começou em frente ao Congresso Nacional. Mais tarde, os participantes seguiram pela Esplanada dos Ministérios, até o Museu Nacional da República.
Para Myrella, além da educação, a população transexual também tem dificuldade ao acesso dos serviços de Saúde Pública. Funcionária Pública de carreira com destaque na Saúde Municipal, Myrella aponta a falta de preparo das unidades básicas em relação ao atendimento de pessoas trans.

“A saúde é outro tema que fica invisibilizado, como se a população trans não necessitasse dos serviços de Saúde. Não existe sequer um protocolo nacional de atendimento para população trans. Muitas das vezes, elas acabam morrendo ou adoecendo por falta de atendimento adequado, muitas vezes as unidades de saúde sequer estão preparadas para receber essas pessoas. Mas nós existimos e precisamos ter os nossos direitos garantidos para que como qualquer cidadão tenhamos uma vida digna”, completa.

O evento também contou com o lançamento do dossiê da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Trata-se de um registro sobre os assassinatos de pessoas transexuais e travestis de todo o país, com a participação da ministra dos direitos humanos, Macaé Evaristo, além de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a Antra, o Brasil continua sendo um dos países mais letais para essa comunidade. No ano passado 122 mortes foram registradas em 2024. A pesquisa apontou que o perfil das vítimas, em sua maioria, são de jovens, pretas, pobres e nordestinas. A expectativa de vida dessa população é de até 35 anos.