Myrella Soares é destaque na imprensa nacional em lista das candidatas trans mais votadas do Brasil

Myrella Soares é destaque na imprensa nacional em lista das candidatas trans mais votadas do Brasil

“Mesmo eu sendo uma vereadora atuante, que mais aprovou projetos de leis e demais proposituras, fora toda a articulação política de conseguir emendas e etc.. sempre existirão aqueles que vão tentar desde legitimar a minha atuação. Para algumas pessoas, ainda é difícil reconhecer o trabalho de uma mulher. Espero que a minha representatividade possa impulsionar cada vez mais pessoas a acreditarem em si mesmas; a saberem do seu valor. Que através do meu mandato, consigamos cada vez mais incluir dignidade e respeito para todos que se sentem diferentes ou excluídos pela sociedade.” Myrella Soares (União Brasil)

 

Com o total de 494 votos (3,14%), Myrella Soares (União Brasil) foi reeleita neste domingo (06) para cumprir seu segundo mandato no Legislativo baririense, a partir de 2025. Quarta vereadora eleita mais votada em Bariri, Myrella viu seu nome ganhar a imprensa nacional nesta semana. Grandes portais de notícias como G1 e Uol colocaram a parlamentar baririense na lista de candidatas trans mais votadas do Brasil nas eleições 2024. 
Intitulada “Brasil elege 26 vereadores e vereadoras trans nas eleições de 2024; veja quem são”, a matéria do G1 afirma que o número de transexuais eleitas desta vez é menor que o de 2020, quando 30 pessoas trans foram eleitas em todo o país. Já o total de vereadores e prefeitos LGBTQIA+ mais que dobrou neste ano, de 97 para 225.
O Portal Uol destaca que “Candidatas trans foram as mulheres mais votadas em 14 cidades brasileiras”. Primeira vereadora trans eleita da história de Bariri, Myrella comemorou a reeleição com um número significativo de votos. Além de conquistar a vereança, a nobre celebrou ainda a vitória no Executivo, já que o União Brasil, partido da qual é Presidente Municipal, apoiou a chapa vencedora encabeçada por Airton Pegoraro e Paulo Kezo.

“Fiquei muito satisfeita com o resultado dessas eleições, tanto na majoritária – o qual o prefeito que apoiamos foi eleito – como também a minha própria reeleição. Ser um destaque positivo entre as 12 mulheres trans do Brasil que foram as mais votadas nas casas legislativas de diversos locais do país, para mim é uma grande satisfação e motivo de orgulho. Graças ao trabalho árduo em trazer a representatividade feminina de maneira propositiva dentro da Câmara, propiciou o cenário onde diversas outras candidaturas femininas muito fortes estiveram concorrendo no pleito deste ano e, para o próximo mandato, já não estarei sozinha, pois as mulheres conquistaram uma segunda cadeira na casa de leis”, destacou Myrella se referindo à Aline Prearo (Republicanos), a segunda mulher eleita para a legislatura do próximo ano. 


Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 967 candidaturas trans foram registradas em todo o país. Esta foi a primeira vez que os candidatos informaram orientação sexual e identidade de gênero à Justiça Eleitoral.

“A minha vitória foi bastante emocionante, pois vivenciei uma campanha com diversas tribulações dentro e fora da Câmara, com problemas de ordem familiar e de saúde, os quais me possibilitaram em diversos momentos em poder levar a minha campanha a todos os lugares conforme eu gostaria. Mas com muito empenho, dedicação e, principalmente, pelo apoio das pessoas que acreditam no meu trabalho e no meu projeto de transformação da vida das pessoas, é que consegui lograr êxito. Devo muito aos demais candidatos do União Brasil que fizeram uma campanha linda e dedicada, sempre com os pés no chão mas unidos por um propósito maior”, completa.


Na matéria do Portal Uol que destaca as 14 parlamentares trans mais votadas, Myrella Soares aparece ao lado de nomes como Thabatta Pimenta (PSOL), a primeira mulher trans eleita em Natal-RN; além de Amanda Paschoal (PSOL), a segunda mulher mais votada em São Paulo.

“É muito significativo dividir esse cenário nacional junto com personalidades tão relevantes como a Tábata Pimenta, que tem uma história de vida linda de amor e cuidado pelo seu irmão PCD e também representando a nossa comunidade, dentre tantas outras lideranças potentes. Eu entendo que é preciso fortalecer os mandatos, visto que, infelizmente, nem todas as mulheres trans que foram eleitas em 2020 conseguiram a reeleição, seja por falta de apoio, pela resistência partidária ou até mesmo pelo próprio preconceito que ainda enfrentamos; mesmo que veladamente, ele existe! Ser trans faz parte de quem eu sou, mas a complexidade do meu ser é muito mais ampla. Procuro fazer um trabalho abrangendo todos os seguimentos. Abraço diversas causas e bandeiras de tudo aquilo que eu acredito que seja correto e que precise da minha atuação e da minha voz. Deixo claro, porém, que jamais virarei as costas para a comunidade LGBTQIA +, e que meu mandato sempre estará aberto para atender quaisquer demandas. Entendo, inclusive, que a comunidade da diversidade baririense deve se organizar e ter o conselho para deliberar os assuntos pertinentes e discutir políticas públicas voltados para esse público”. 


Para Myrella, o fato de falar abertamente sobre a causa LGBTQIA+, contribui para seu destaque na Casa de Leis. Ela relembrou duas propostas de sua autoria que foram aprovadas durante seu primeiro mandato. 

“Em 133 anos de Câmara Municipal, eu não fui a única pessoa da sigla a passar pelo Legislativo. O único diferencial é que, talvez, eu seja a única que não tenha receio de falar abertamente sobre isso. Mesmo assim, os que passaram por ali antes de mim nunca sequer tocaram nesses assuntos. Em meu primeiro mandato, conseguimos aprovar dois projetos importantes: o projeto ‘Da não violência’, que versa a respeito da discussão sobre as leis contra o bullying, racismo homofobia; e o projeto da obrigatoriedade do campo de nome social para pessoas transexuais e travestis nos documentos oficiais do município. Ambos, infelizmente, não foram colocados em prática pelo atual governo. Também fizemos um trabalho de acolhimento, na Casa da Mulher, para pessoas transexuais que precisam de orientação, tanto psicológica quanto para alteração da documentação. Pode parecer pouco para quem olha de fora, mas só nós, que fazemos parte da comunidade, sabemos o quanto é difícil avançar determinados assuntos dentro de uma cidade, por vezes, bastante conservadora”, finaliza.