Perseguição e assédio: CP que investiga vereador Gilson, denunciado por ex-orientadora da Univesp Bariri, ouvirá testemunhas nesta sexta-feira

A Comissão Processante formada pelos vereadores Rubens Pereira dos Santos (presidente); Myrella Soares (relatora); e Laudenir Leonel (membro) irá ouvir testemunhas arroladas a partir das 13h desta sexta-feira (24), na Câmara Municipal de Bariri. O procedimento foi aberto por unanimidade do Legislativo em março, tendo como alvo o também vereador Gilson de Souza Carvalho (PSB), acusado de perseguir politicamente e praticar assédio moral (enquanto presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bariri), a ex-orientadora da Univesp (Polo Bariri), professora Dayane Marci Fonseca da Silva.
Segundo o presidente da CP, pelo menos nove testemunhas foram arroladas, mas não se sabe se todas serão ouvidas nesta sexta-feira. A denúncia que deu origem à investigação foi protocolada por Camila de Oliveira Faria. Paralelamente à petição enviada ao Legislativo, professora Dayane também acionou o Ministério Público, que através do Promotor de Justiça dr. Nelson Aparecido Febraio Junior, oficiou Prefeito Municipal, Sindicato dos Servidores Públicos, Casa da Mulher, Ordem dos Advogados do Brasil, Câmara Municipal e Polícia Civil, pedindo providências aos órgãos sobre a suposta conduta de Gilson.
A peça jurídica é composta pelo depoimento de nove mulheres, servidoras municipais e ocupantes de diversos cargos públicos e ex-diretoras, que acusam Gilson de ter uma postura agressiva. Gilson nega as acusações.
“Nunca houve qualquer perseguição pessoal, agressiva e de gênero contra estas funcionárias, estou de consciência tranquila quanto a isso e provarei minha inocência. O que me causa maior estranheza é justamente a tentativa de calar com tanto empenho um vereador eleito de forma legítima, que usou seu cargo para dar voz a denúncias de munícipes de Bariri, o que é a essência do cargo que atualmente exerço. O sindicato é um instrumento de luta coletiva que tem de ser valorizado e fortalecido com a associação dos trabalhadores que têm o direito de votar para escolher a direção, a pauta de reivindicações e as lutas que precisam ser feitas para conseguir melhores condições de trabalho, renda e benefícios”, disse Gilson.
Relembre o caso
Dayane foi exonerada de seu cargo na Univesp logo no início da administração Airton Pegoraro (Avante), fato que relaciona diretamente com a suposta perseguição cometida por Gilson contra sua pessoa. Ela alegou à promotoria que, por conta da perseguição, desenvolveu depressão e necessidade de medicação controlada. A professora juntou ao processo documentos médicos que comprovam as alegações.
Prestaram depoimento ao MP as seguintes testemunhas:
• Cinira Moreira Giacone Mazotti: A atual Diretora de Educação disse que foi procurada por Gilson em janeiro, ocasião em que ele teria indicado o nome de uma professora para ocupar o cargo de Dayane Marci Fonseca da Silva na Univesp.
• Angela Devides: A Servidora Municipal da Saúde declarou que, ouviu Gilson dizer na prefeitura, que Dayane fraldava vestibulares da universidade e colocava na instituição quem ela queria.
• Ana Fabiola Fanton: Diretora de educação infantil, que atuou como Diretora Municipal de Educação nos anos de 2019 e 2020, afirma que Gilson a procurou e pediu que ela exonerasse Dayane do cargo.
• Stéfani Edwirgem da Silva Borges: Ex-diretora de Educação do governo Abelardo-Foloni, relatou que Gilson sempre chegava em locais onde só trabalhavam mulheres de forma truculenta para “pedir coisas sem nenhum nexo”. Também disse que Gilson solicitou que ela exonerasse Dayane do cargo.
• Fernanda Cavalheiro Rossi: Ex-diretora de Administração do governo Abelardo-Foloni, disse que as funcionárias mulheres da prefeitura tinham medo de atender Gilson, que supostamente se portava de forma intimidadora, gritando e sempre se alterando com as servidoras. Relembrou o caso do “porta-malas”, dizendo que Gilson a acusou de peculato por supostamente desviar arquivos da prefeitura quando não era servidora municipal, negando o suposto crime.
• Lucilene Valéria da Silva Grigolin: Diretora de educação infantil, contou que Gilson chegava na unidade escolar onde trabalha de forma muito grosseira e desrespeitosa. Afirmou que sentia medo das supostas intimidações.
• Marina Prearo: Gestora da Santa Cassa, declarou que Gilson propagou que iria tirar ela do cargo após ganhar a eleição para vereador. Que ele alegava falhas da Santa Casa sem nunca comprovar nada. Que Gilson a viu entrando no gabinete do ex-prefeito para levar documentos e passou a afirmar que ela estaria tendo uma relação extraconjugal, fato que causou a ela danos emocionais.
• Betariz Ocon Ferreira: A ex-servidora municipal, disse que Gilson a perseguiu durante anos. Que ele a expôs após ela ter adotado uma criança, dizendo que, por conta da adoção, ela não teria direito à licença maternidade.
• Ana Lucia Barbosa Pacheco: Procuradora Jurídica do Saemba, afirmou que foi confrontada por Gilson por uma orientação jurídica dada à autarquia. Que deu pareceres contrário ao interesse dele, fato que acarretou uma perseguição. Que ele constantemente tenta intimidar o superintendente do Saemba para prejudicar ela.
Também participaram das oitivas o prefeito Airton Pegoraro e o marido de Dayane, Daniel da Silva. Pegoraro alegou que Gilson o procurou após a posse e “pediu expressamente para exonerar Dayane do cargo”, apresentando argumentos de questões salariais. Declarou que as mudanças da administração da Univesp “se basearam em critério técnicos e políticos”.
Já Daniel Silva disse que teve uma reunião com o prefeito para entender os motivos da exoneração de sua esposa. Que o prefeito teria cedido ao pedido de exoneração para “evitar enfraquecimento de apoio na câmara”.
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