Tribunal de Contas investiga dívida milionária de energia elétrica que “sumiu” do balancete do Saemba ao final da gestão Eder Cassiola

Tribunal de Contas investiga dívida milionária de energia elétrica que “sumiu” do balancete do Saemba ao final da gestão Eder Cassiola

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) acatou uma representação protocolada pelo Presidente da Câmara Municipal, Airton Pegoraro (Avante), e abriu investigação para apurar o “sumiço” de dados referente à dívida milionária do Serviço de Água e Esgoto de Bariri (Saemba), junto à Companhia Paulista de Força e Luz. 
O valor de R$ 1.593.913,29 (um milhão, quinhentos e noventa e três mil, novecentos e treze reais e vinte e nove centavos), débito do Saemba junto a CPFL, não foi informado nos balancetes da autarquia referente aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2023 e janeiro de 2024 – ou seja, no apagar das luzes da gestão do ex-superintendente, Eder Cassiola, que comandou a autarquia de janeiro de 2021 a dezembro de 2023. 
Pegoraro chamou a atenção para indícios de irregularidades nos balancetes do Saemba em março, depois dos documentos serem enviados ao Legislativo para apreciação dos vereadores. 

“O balancete de receita e despesa da Autarquia Saemba, enviado a esta Câmara Municipal, não consta com a dívida com a CPFL no valor de R$ 1.593.913,29. De sorte que o balancete não retrata, com fidedignidade, a realidade contábil da Autarquia. Além disso, a estimativa de gasto do ano todo com energia tenha sido empenhada no valor de R$ 1.400.000,00 (um milhão e quatrocentos mil reais), não houve liquidação e, mesmo assim, não houve a inscrição em restos a pagar. Assim, foi feito o empenho de parte da dívida no orçamento desse ano, circunstância o princípio da competência. Nesse sentido, requeiro, respeitosamente, que tal conduta seja mais bem analisada por este Egrégio Tribunal de Contas”, diz a representação assinada pelo presidente da Casa de Leis.


Em ofício enviado à Câmara e lido na sessão ordinária da última semana, o TCE confirmou que o processo está em fase inicial de instrução, pela Unidade Regional de Bauru – UR-02, conforme determinado pelo auditor Márcio Martins de Camargo.
Para Airton Pegoraro, os balancetes do Saemba foram camuflados para esconder a real situação da autarquia. Em meio à desconfiança, o superintendente do Saemba à época da representação, Oscar Naufal, bem como outros membros do alto escalão da autarquia, foram avisados sobre o caso e, inclusive, teriam estranhado os números do balancete enviado à câmara, assim como o presidente. Depois disso, Oscar Naufal pediu exoneração e deixou o comando da autarquia. Desde 1° de abril, o Saemba está sendo comandado pelo engenheiro Décio Simonetti, o novo superintendente. 

 

Relembre o caso

A dívida milionária do Saemba junto à CPFL se tornou pública na sessão ordinária de 21 de novembro de 2023, através de um ofício da concessionária enviado ao Legislativo.
O documento assinado por Pedro Cesar Andreo de Aro, Gerente de Serviços Comerciais da CPFL afirmou que “o Saemba está inadimplente em 126 contas compreendidas no período de abril/2023 a outubro/2023, com um débito acumulado, sem encargos moratórios, de R$ 1.593.913,29. Por óbvio, mensalmente, o valor se torna ainda maior, onerando indevidamente os cofres públicos em razão da incidência diária de juros e correção monetária, além da multa de mora prevista na legislação, sem prejuízo da exposição de maior onerosidade advinda de outros meios de cobrança”.
Segundo a CPFL, foram feitas inúmeras tentativas de comunicação para negociação da dívida junto à autarquia comandada pelo superintendente Eder Cassiola, mas o Saemba não retornou os contatos. Com isso, o valor da dívida aumentava a cada dia.  
No ofício, a CPFL ameaçou a interrupção do serviço prestado em razão da inadimplência, citando a Lei 9.427/96 e a Resolução Normativa n.21000, da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Além da Câmara Municipal de Bariri, o ofício foi encaminhado ao Ministério Público, Poder Executivo Municipal e ao próprio Saemba. 
Os valores das 126 faturas em aberto variam entre R$ 50.805,88 (valor mais alto) e R$ 43,51 (valor mais baixo). A inadimplência começou em abril de 2023.
Logo após o caso vir à tona, o superintendente Eder Cassiola pediu exoneração em dezembro de 2023. Os balancetes alvos da investigação foram os últimos documentos da autarquia apresentados por Cassiola, que protagonizou uma gestão cercada de polêmicas.