Búfalas de Brotas são levadas para novo santuário e deixam fazenda onde sofreram maus-tratos
"Não é simplesmente que aqui termina, aqui começa". É assim que Vitor Favano, ativista e fundador do Santuário Vale da Rainha, classifica a nova fase das búfalas de Brotas, que deixaram o local onde sofreram maus-tratos e foram transferidas para dois santuários de animais, nomeados os depositários do rebanho pela Justiça.
Sábado (10), o último transporte de animais foi feito. Oitocentos dias depois de serem resgatados com fome, sede e abandonados para morrer, não há mais nenhum búfalo ou cavalo na Fazenda Água Sumida.
Antes de partirem com os animais ao novo lar, os voluntários se reuniram e fizeram um momento de reflexão e agradecimento. Emocionados, eles também fixaram uma faixa na cerca da fazenda com os seguintes dizeres: "Os ossos de nossas antepassadas imantados pela nova de hoje serão os guardiões desse lugar para que como aconteceu dessa vez, aconteça sempre: que o bem vença a ignorância e o egoísmo sempre, restabelecendo o plano divino nessa terra e em todo lugar".
Os mais de mil animais que estavam na fazenda foram para os seguintes locais: 575 búfalos e 55 cavalos foram para o Santuário Vale da Rainha, em Cunha-SP; 400 búfalos foram para o Santuário Rancho dos Gnomos, em Cotia-SP.
"Hoje nós encerramos toda trajetória, toda guerra de Brotas. Daqui pra frente eles vão ter vida digna, vão viver com dignidade, com amor, carinho, liberdade, vão viver assistidos. E graças ao apoio de vocês, de muita gente, a gente conseguiu chegar até aqui. A gente conta ainda com essa colaboração que ainda vamos precisar, não é simplesmente que aqui termina, aqui começa, aqui eles vão viver 15, 20 e 30 anos e para isso nós vamos precisar de muito apoio", disse Favano.
O prazo dado pela Justiça para que as entidades de proteção realizassem o manejo do rebanho e deixassem a propriedade venceria segunda-feira (12).
Relembre o caso
O caso das búfalas de Brotas se arrasta desde novembro de 2021, época em que veio à tona a situação de maus-tratos aos quais os animais, quando um rebanho de 1.100 cabeças, sofreu nas mãos do pecuarista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, dono da fazenda Água Sumida.
Ele foi denunciado pelo crime de maus-tratos contra pelo menos 991 búfalos e cavalos vivos e 137 animais que morreram ou foram encontrados mortos. Também foi denunciado por ameaça, falsificação de documentos e falsidade ideológica.
Conforme apontou o inquérito policial, o proprietário da fazenda estava arrendando as terras para o cultivo de soja, motivo pelo qual transformou os pastos em campos de plantações, deixando os animais à deriva. As búfalas eram utilizadas para a extração de leite. O caso ganhou grande repercussão nacional e foi considerado um dos piores do país em relação a maus-tratos contra animais.
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