Ricardo Prearo aciona Vavá Lins na Justiça e pede exclusão de vídeo polêmico que expôs o vereador acertando idoso com “voadora” em briga de bar

“Para aqueles que não me conhecem, eu sou Vavá Lins, o Tailler. Sou radialista e jornalista sob o MTB nº. 83690. Eu tenho uma página no Facebook. O mês passado, fiz uma publicação a respeito de um pedido de cassação que teria sido protocolado na Câmara Municipal contra o vereador Ricardo Prearo. Fui cerceado pela Justiça e obrigado a retirar minhas postagens a pedido do vereador Ricardo Prearo. A lei foi feita para se cumprir, e assim eu o fiz. No requerimento, dizia que não constava o boletim de ocorrência, que não havia veracidade dos fatos; por isso, pediram a retirada. Hoje eu vou mostrar para vocês a real situação do que aconteceu aquele dia. Chegou em minhas mãos um vídeo da briga entre o senhor Ricardo Prearo e o senhor Maurício em um estabelecimento comercial. O vídeo é muito comprido; por isso, eu cortei e editei. Tenho o vídeo completo, na íntegra, sem cortes e sem edição, se alguém se interessar ou se a própria Justiça quiser. Como não posso falar nada para não ser processado, vou deixar para vocês tirarem suas próprias conclusões. O senhor Ricardo Prearo disse que não é um homem violento. Aí, vocês decidem; o vídeo continua a partir daqui.” – Vavá Lins - Jornalista fundador da página “Tailler Androciolli”

O jornalista José Iraldo Androciolli, conhecido como Vavá Lins, voltou a repercutir um assunto polêmico que movimentou as redes sociais de Bariri na última semana. Por meio da página “Tailler Androciolli”, Vavá expôs imagens do circuito interno de monitoramento e segurança de um estabelecimento comercial localizado na Rua Valentim Cassiola, que mostram uma confusão entre o vereador Ricardo Prearo (PSD) e o aposentado Maurício Rodrigues, de 67 anos. O fato ocorreu na noite de 10 de agosto. 

O vídeo começa mostrando Ricardo trajando uma camisa verde e cumprimentando funcionários do bar. Na sequência, ele senta em uma mesa com outras pessoas. Há um corte na imagem; a cena seguinte mostra Ricardo se aproximando de Maurício, que está sentado junto ao balcão do estabelecimento, com um outro cliente ao lado que se encontra em pé. O aposentado veste uma blusa escura. Os três aparentam estar conversando por um momento, quando a primeira investida acontece. Ricardo se aproxima do aposentado que revida instantaneamente e os dois são separados. Ricardo é contido por uma mulher, um funcionário do bar e outros dois homens, que tentam impedi-lo de ir ao encontro de Maurício pela segunda vez. Ele desvia dos apaziguadores e torna a ir na direção do aposentado, mas novamente é contido por um funcionário. Os apaziguadores tentam fazer com que Ricardo se sente novamente à mesa, mas ele levanta e tenta ir na direção de Maurício por mais uma vez. Há mais um corte no vídeo. 
Depois de permanecer por um tempo sentado, as pessoas no ambiente se acalmam e os funcionários voltam a trabalhar normalmente. Ricardo conversa com um homem de pé ao seu lado e se levanta. A mulher que o acompanha se levanta junto, em sinal de alerta. Ela se coloca a frente dele, falando algo. Nesse momento, Ricardo afasta a apaziguadora para o lado e corre em direção a Maurício, que continua sentado junto ao balcão do bar e parece distraído, olhando seu celular. A cena final mostra Ricardo atingindo o aposentado com um golpe conhecido como “voadora”: ele pula enquanto acerta o idoso na região superior do tronco com um chute. Após a voadora, Ricardo surge na imagem sobre Maurício, desferindo golpes com as mãos. Maurício se abaixa tentando se proteger mas, com o impacto, cai ao chão ainda sendo atingido. Neste momento, funcionários e outros homens tentam rapidamente separar a briga. Na força de tirar Ricardo de cima do idoso, um funcionário acaba puxando o vereador para trás. Ricardo tropeça num objeto e cai ao chão, longe da vítima, o que possibilita que novamente funcionários e outros frequentadores do bar o imobilizem. O vídeo termina com essa cena.
Vavá Lins justificou a postagem do vídeo que mostra a confusão após ser acusado de disseminar fake news. Na época do ocorrido, o jornalista fez uma publicação nas redes sociais criticando Ricardo Prearo pela agressão. No entanto, Prearo entrou com um pedido liminar na Justiça e Vavá foi obrigado a apagar o conteúdo.  
A confusão no bar deu origem a um pedido de cassação do mandato legislativo (impeachment) em face de Ricardo Prearo. A denúncia foi protocolada pela própria vítima, Maurício Rodrigues, na Câmara Municipal de Bariri, em 15 de agosto. 
Apreciada na sessão ordinária de 19 de agosto, a representação que acusava Peraro de quebra de decoro parlamentar, por conta da agressão física, foi arquivada por maioria de votos. 

Vídeo derruba tese de “falta de provas”,defendida por Edcarlos, Grigolin e Ditinho 

Os vereadores Edcarlos Santos (PP), Paulo Egidio Grigolin (MDB), Luiz Renato Proti (MDB), Benedito Antonio Franchini (PTB) e Julio Cesar Devides (PDT), votaram contra o recebimento da denúncia, que poderia dar início à uma Comissão Processante para investir o caso de agressão. 
Com 5 votos contrários e 4 favoráveis (Airton Pegoraro, Leandro Gonzalez, MYrella Soares e o suplente Gilson de Souza Carvalho), a denúncia foi arquivada em uma sessão marcada por clima quente, gritaria, acusações, discussão nos bastidores e troca de farpas entre os parlamentares. 
Edcarlos, Grigolin e Ditinho justificaram verbalmente seus votos favoráveis a Ricardo Prearo, alegando que não haviam provas da agressão. Apenas o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil de Bariri foi anexado junto à representação. Na época, a vítima não havia conseguido obter o vídeo, embora tenha citado a existência do conteúdo. 

“Quando tudo isso começou, dizia-se que havia imagens de câmeras e testemunhas. Mas tudo o que foi apresentado aqui é apenas o boletim de ocorrência. Tenho que agir na impessoalidade. Boletim de ocorrência não é prova”, disse Edcarlos. 

Para Maurício Rodrigues, com o vídeo finalmente vindo à tona quase dois meses depois do fato, o argumento de falta de provas concretas defendida pelos vereadores caiu por terra. À nossa reportagem, vítima salientou que o vídeo é a principal prova da denúncia de agressão física. 
Ainda de acordo com Maurício, as imagens das câmeras de segurança e monitoramento também foram solicitadas pela Polícia Civil de Bariri, que investiga o caso. Além do vídeo, existe um boletim de ocorrência e um laudo médico que foi anexado ao processo, bem como exame de corpo de delito. 
Por conta da agressão, Maurício declarou que sofreu ferimentos no pescoço, nos braços e no peito, além de trauma psicológico. 

Ricardo Prearo entra na Justiça novamente e pede exclusão de vídeo 

Também entramos em contato com o vereador Ricardo Prearo, pedindo um posicionamento sobre o assunto. Prearo afirmou que acionou a Justiça local novamente contra Vavá Lins, solicitando judicialmente que o jornalista remova o vídeo das redes sociais. Ele já havia acionado o Judiciário em 20 de agosto, quando moveu uma “Ação indenizatória por danos morais decorrentes de calúnia e difamação com pedido de tutela antecipada”. 
A defesa de Prearo alega que Vavá tenta “tumultuar o período eleitoral a fim de se promover e prejudicar o autor [Prearo], com ameaças vazias”. A manifestação foi protocolada terça-feira (01), em caráter de urgência e solicita que, além da exclusão do conteúdo, Vavá Lins seja enquadrado como “litigante de má-fé”, indicando multa no valor de 10% sobre a causa. 

“Novamente, numa nova tentativa espúria em prejudicar o autor, principalmente na semana que antecede as eleições municipais, o requerido [Vavá Lins] fez nova publicação desabonadora, temerária e ilegal, mencionando o nome e imagem do requerente [Ricardo Prearo] em que pese tenha o mesmo sido devidamente notificado da liminar outrora deferida. O fato se agrava, haja vista que essa nova publicação diz respeito a um vídeo que se encontra em inquérito policial sob segredo de justiça, tratando-se de um fato em que gerou um boletim de ocorrência lavrado pelo autor contra o Sr. Mauricio Rodrigues (pessoa estranha ao presente feito)”, diz a representação. 

Sobre o desentendimento com Maurício Rodrigues ocorrido em 10 de agosto, Ricardo Prearo reafirmou o posicionamento anterior, já publicado pelo Jornal Noticiantes. Segue abaixo o texto na íntegra: 

“Informo que sobre os fatos registrei boletim de ocorrência (Protocolo 2089994/2024) e estou entrando com processo contra cidadão em que questão, que me difamou e agrediu no sábado (10/08) em estabelecimento da cidade. Este cidadão inclusive já foi condenado pela Justiça por comentários contra mim (ação judicial nº 1000981-25.2020.8.26.006) e desde a época em que foi diretor da Vitale, organização criminosa que lesou a Santa Casa de Bariri, atenta contra minha pessoa e agora neste momento realiza essa suja tentativa de perseguição política contra minha pessoa. Reitero que sou uma pessoa totalmente do bem, que não tenho histórico nenhum de natureza violenta, muito pelo contrário, nunca fui processado criminalmente e não é uma acusação leviana como esta que vai me intimidar e manchar a minha história de vida e como agente público”.

Justiça acata pedido de Prearo e aplica multa; Vavá diz que cumpriu decisão anterior

Em decisão disponibilizada nos autos do processo nesta quarta-feira (02), o juiz Maurício Martinez Chiado, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Foro de Bariri), decretou que Vavá Lins retire das redes sociais todas as publicações que fazem referência à Ricardo Prearo, num prazo de 24 horas, determinando ainda que não haja qualquer nova publicação até o término das eleições. Antes de ser removido, o vídeo acumulava o total de 120 curtidas, 75 comentários e quase 8 mil visualizações. 

“Intime-se novamente o requerido [Vavá Lins] para que proceda a retirada, em 24 horas, de todas as publicações que versem sobre a pessoa do requerente [Ricardo Prearo], bem como que se abstenha de fazê-las até o término das eleições, às 17h do dia 06/10/2024, sob pena de incorrer em multa de nova multa de R$ 15.000,00 pelo descumprimento”, declarou o magistrado.

O juiz ainda cita que Vavá Lins teria descumprido uma decisão anterior, na qual também havia sido obrigado a retirar postagens citando Ricardo Prearo. Por esse motivo, a Justiça fixou multa ao jornalista no valor de R$ 10 mil. 
Em nota enviada à nossa reportagem, Vavá Lins disse que ainda não foi notificado da decisão, a afirmou que cumpriu a primeira decisão, excluindo de sua página todos os vídeos anteriores. 

“Em relação a notícia veiculada sobre a condenação emitida pelo juiz, sob uma multa, meus advogados já estão entrando com agravo. Entendo que, quando a pessoa se dispõe a entrar na vida pública, seu nome pode (e deve) ser vinculado a vários aspectos. Ser uma pessoa pública não o torna onipotente. Além disso, estou sendo cerceado como jornalista (direito de imprensa). Não foi eu quem causou esta confusão (briga de bar); apenas fiz a publicação em decorrência de que fui acusado de mentir e disseminar fake news, quando, na verdade, foi visto por todos que houve a briga. Cabe à Justiça julgar quem está certo ou errado. Entre as partes, apenas publiquei uma coisa que foi feita em local público. Em relação à decisão do juiz é importante salientar que este evento se refere às primeiras postagens que fiz e, segundo ele, não foram retiradas. Na verdade, foi informado no processo que todas as postagens indicadas pelo magistrado para serem retiradas, foram excluídas e que a ordem foi devidamente cumprida antes das 24 horas estabelecidas. Vamos aguardar meus advogados retornarem”, declarou o jornalista.