Presidente da Câmara faz discurso forte sobre corrupção em Bariri e vereadores apontam desrespeito da gestão Abelardinho após nova negativa de pagamento do piso salarial da enfermagem
Em um discurso firme e enfático, o Presidente da Câmara Municipal de Bariri, Airton Pegoraro (MDB), criticou práticas corruptas na administração municipal. Pegoraro revelou que refletiu sobre o tema após ler comentários de internautas perante os escândalos políticos da atual administração, como “nenhum político presta”, entre outras citações.
“Esses comentários, ao mesmo tempo que me deixaram irritado, causaram uma reflexão sobre o círculo vicioso que vivemos há muito tempo em Bariri. São tantos escândalos, tantas notíciais ruins, que acabaram acostumando a população achar que política não é lugar para gente séria – como se fosse normal delegar a importante missão de administrar uma cidade, um estado ou um país, na mão de pessoas mal caráter. Esse pensamento acaba afastando as pessoas de bem e abrindo caminhos para que a política se torne o paraíso dos malfeitores. Como resultado, temos uma cidade sem perspectiva de futuro, onde os serviços públicos são de baixa qualidade, pois não são prioridade. A prioridade é satisfazer as necessidades particulares de um pequeno grupo”, começou Airton.
Para o presidente da câmara, ainda existem políticos honestos, mas não em número suficiente. Na sequência, o parlamentar apontou que, políticos que não cedem às vontades de determinado grupo político acabam isolados, têm seus pedidos negados, são difamados e deixam de ser convidados a participarem de viagens e eventos institucionais junto com o Executivo.
“São vistos pelos corruptos como pedras a serem retirados de seus caminhos. Só a boa política pode transformar esse círculo vicioso em um círculo virtuoso, com a melhoria na qualidade de vida da população
O vereador deu o exemplo do que aconteceu em Ribeirão Bonito por um fato ocorrido há 20 anos. Por lá, alguns cidadãos fundaram uma organização chamada AMARRIBO (Amigos Associados de Ribeirão Bonito), cujo objetivo é fiscalizar o dinheiro público. A ação dos munícipes cassou o mandato de dois prefeitos e alguns vereadores ao longo dos anos. O grupo também chegou a lançar uma cartilha anticorrupção, material que foi traduzido, inclusive, para outros idiomas. Pegoraro afirma torcer para que uma iniciativa semelhante à de Ribeirão Bonito também aconteça em Bariri.
“No caso de uma prefeitura, o primeiro caminho de um prefeito que quer ser corrupto é comprar a Câmara de Vereadores. O segundo caminho, é comprar a imprensa. Muitas vezes a bagunça e a má gestão são propositais, para nós termos a dificuldade de conseguir rastrear e ver o que de fato está acontecendo na administração. Alguém sabe me dizer se nós gastamos muito ou pouco combustível na prefeitura de Bariri? Não temos controle de quilometragem rodada ou de viagens”.
Sem citar nomes, Airton Pegoraro criticou àqueles que ficam em cima do muro quando o assunto é política. Em mensagens enviadas à página do Noticiantes, internautas relacionaram o discurso do presidente com o posicionamento dos quatro vereadores que votaram pelo arquivamento do pedido de impeachment do prefeito Abelardo Simões (MDB): Ricardo Prearo (PDT), Evandro Folieni (PP), Júlio Cesar Devides (Cidadania) e Luis Renato Proti “Escadinha” (MDB).
“A parábola da indecisão e do muro diz que ficar em cimo do muro só beneficia um lado: o lado do mal”, finalizou Airton.
Myrella pede apoio dos vereadores
pela luta em prol do pagamento do piso salarial da enfermagem em Bariri
Em novo requerimento ao prefeito Abelardo Simões, a vereadora Myrella Soares (União Brasil) voltou a questionar o Executivo sobre o pagamento do Piso Salarial da Enfermagem em Bariri. Algumas enfermeiras compareceram ao plenário segunda-feira (03) para acompanharem, ao vivo, a resposta do prefeito, que quebrou as expectativas.
Alegando que o pagamento do piso ainda está indefinido no Supremo Tribunal Federal (STF), Abelardinho não indicou prazo para começar a pagar o benefício à categoria. Cidades da região, como Itapuí, já estão pagando o piso corretamente, apesar do imbróglio no STF.
“A luta do piso da enfermagem dura mais de 30 anos. Mesmo após o terror da pandemia, nós perdemos familiares, amigos e colegas de trabalho, parece que nem isso comove o coração do prefeito municipal, no sentido de, pelo menos, amparar e dar uma resposta descente e honesta aos enfermeiros.
Myrella classificou a resposta de Abelardinho ao requerimento de sua autoria, como “pífia” e “sem sentido”. A vereadora releu o requerimento na íntegra, para deixar claro que cobrou, além do prefeito, posicionamento oficial das diretorias de Saúde, Administração Pública e Finanças. Nenhuma das três diretorias respondeu o requerimento.
“O prefeito perdeu uma oportunidade enorme de dar uma resposta a seus funcionários. Cada hora essas diretorias estão no comando de uma pessoa diferente; é por isso que a cidade não anda. O prefeito poderia, pelo menos chamar os enfermeiros e técnicos para mostrar o cenário. Daqui alguns meses, vai sair o piso oficialmente. Eles não têm um planejamento? Qual é a dificuldade de responder? Qualquer criança da quita-série conseguiria responder as perguntas. O que a gente vê, é um ato de desrespeito. Desrespeito com essa Casa de Leis e um desrespeito com a enfermagem. É muito feio”, disparou a vereadora.
Edcarlos também pede valorização da enfermagem e critica gastos de gestão em festas e eventos
Em seu momento de usar a tribuna, o vereador Edcarlos Santos (PSDB) também relembrou esquemas corruptos em Bariri em paralelo com a situação da enfermagem.
“Aqui em Bariri, tem um pessoal envolvido em corrupção, máfia, maracutaia. E encontram até mesmo defensores – porque eles têm dinheiro. A cada dia, uma nova cena. Em Bariri, tem o dinheiro da merenda, do tapa-buraco, das barracas, da limpeza e da segurança pública... Tem dinheiro para todo esse pessoal, só não tem dinheiro para valorizar a enfermagem”.
Também sem citar nomes, Edcarlos sugeriu que vereadores que não exerçam a fiscalização, entreguem seus mandatos. O vereador relembrou ainda que, em 15 de agosto do ano passado, também fez um requerimento pedindo um posicionamento do Executivo em relação ao pagamento do novo piso da enfermagem.
“Em Bariri, tem dinheiro para tudo. Estamos em março discutindo um rodeio de junho, com muitos aplaudindo. Cadê essa população que não vê a luta de 30 anos dos enfermeiros? O prefeito só está interessado naquilo que dá ibope: festa do peão, carnaval, festa de final de ano. Neste pão e circo, os palhaços somos nós, que somos cobrados por isso como Poder Legislativo.
Por fim, o nobre sugeriu que as festas ocorram através de recursos particulares ao invés de utilização do dinheiro público.
“Quem quer festa, paga! Não com o dinheiro do povo. Do que adianta celebrar a Festa do Peão se a Saúde está indo ladeira abaixo? Se uma pessoa vai nas unidades e não tem clínico geral? Aí, vai todo mundo lotar a Santa Casa. Nossa Saúde está desequilibrada; o povo está doente e a administração mais doente ainda. Enquanto isso, o prefeito não é capaz de dar nem uma resposta para a enfermagem. Temos um prefeito fuleiro, que gosta de bagunça. Isso é prioridade para ele”, destacou Edcarlos.
Projeto de Abelardinho que permite trocar imóveis por débitos tributários é rejeitado pela segunda vez na câmara
Por 5 votos contra 3, o projeto de lei nº 10/2023, de autoria do prefeito Abelardo Simões, foi rejeitado pela segunda vez no Legislativo. A matéria já havia sido rejeitada por unanimidade em dezembro do ano passado, mas o prefeito reenviou o projeto de lei novamente, sem nenhuma alteração no texto.
A proposta “dispõe sobre a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário inscrito em dívida ativa, que poderão ser extintos, mediante dação em pagamento de bens imóveis, a critério do credor”, ou seja, permite que o contribuinte troque imóveis por débitos tributários.
Mantiveram os votos contra a proposta os vereadores Edcarlos Santos, Myrella Soares, Julio Cesar Devides, Evandro Folieni e Leandro Gonzalez. Já Ricardo Prearo, Luis Renato Proti e Benedito Franchini foram favoráveis à matéria.
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