Gestão Abelardo-Foloni já pagou mais de R$ 6,2 milhões para empresa de coleta de lixo, cuja licitação tem indícios de fraude; “Gordo do Lixo” está preso há sete meses

Gestão Abelardo-Foloni já pagou mais de R$ 6,2 milhões para empresa de coleta de lixo, cuja licitação tem indícios de fraude; “Gordo do Lixo” está preso há sete meses

“Gostaria de saber porque o contrato de licitação do lixo ainda não foi suspenso em Bariri”. Esse questionamento chegou ao número de WhatsApp da redação do Noticiantes nesta semana.

Novamente, um leitor indagou sobre a situação do contrato celebrado entre a empresa Mazo & Giacon Ltda. e a Prefeitura Municipal. 
O fato de o sócio proprietário da empresa, Abílio Giacon Neto (conhecido como “Gordo do Lixo”) estar preso desde setembro de 2023, após a segunda fase da Operação Prenunciados (Caso Latina), causa estranheza na população baririense, que questiona a vigência do contrato milionário: de janeiro de 2021 (início da gestão Abelardo-Foloni) até o presente momento, o Poder Público já desembolsou R$ 6.239.661,39 (seis milhões, duzentos e trinta e nove mil, seiscentos e sessenta e um reais e trinta e nove centavos) em pagamentos para a Mazo & Giacon.
Conforme informações no painel “Despesas por Fornecedor” do Portal de Transparência, o montante acima está dividido (anualmente) da seguinte forma: R$ 1.661.383,35 pagos em 2021; R$ 1.865.355,70 pagos em 2022; R$ 1.965.563,85 pagos em 2023; e R$ 747.358,49 pagos em 2024 (de janeiro até abril). Ainda segundo o Portal da Transparência, a licitação vence em 04 de agosto de 2024. A última prorrogação do contrato foi assinada em 04 de agosto de 2023, no valor de R$ 2.263.865,16 (dois milhões, duzentos e sessenta e três mil, oitocentos e sessenta e cinco reais). 
O questionamento acerca da vigência do contrato da Mazo & Giacon acontece desde outubro de 2023. Na oportunidade, em uma manifestação do Ministério Público contra o segundo pedido Habeas Corpus de Abílio Giacon (que foi negado pela Justiça), a promotoria afirmou que o réu fraudou a licitação de sua própria empresa junto à prefeitura. 


“Foi possível confirmar intensa participação de Abílio Giacon Neto em crimes gravíssimos, como organização criminosa, roubo, coação no curso do processo, corrupção ativa e passiva e fraudes licitatórias (...). Abílio Giacon estava atuando firmemente para ocultar provas e obstruir as investigações, orientando depoimentos. Foi possível constatar que Abílio Giacon Neto fraudou, juntamente com servidores públicos, seu próprio contrato com a Prefeitura de Bariri, manipulando preços e utilizando documentos falsos”, alegou o MP.


Seis meses após o Ministério Público expor a fraude na licitação de coleta de lixo, a Mazo & Giacon continua prestando serviços normalmente à Prefeitura Municipal de Bariri – ação controversa com o que ocorreu com a Latina Ambiental, que teve a licitação suspensa após a fraude vir à tona em agosto do ano passado. 
Nesta sexta-feira (14), a prisão de Abílio Giacon Neto completa sete meses e 12 dias; ele está preso desde 14 de setembro, no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Bauru. Alvo de investigação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o empresário baririense virou réu por corrupção passiva, fraude em licitação e outros crimes.  
No inquérito, Abílio foi apontado como “o pau mandado” do ex-prefeito Abelardinho, com quem mantinha uma relação de amizade. Giacon era um dos responsáveis por viajar até a sede da Latina Ambiental, em Limeira-SP, para colher os valores em espécie que o proprietário da empresa destinava ao ex-prefeito de Bariri, como forma de propina para manter ativo o contrato de limpeza pública.
Ele também está relacionado diretamente ao atentado criminoso ocorrido em 02 de junho de 2023, contra o empresário Fábio Yang. A investigação revelou que Giacon foi o responsável por passar dados pessoais e detalhes da rotina da vítima à Paulo Ricardo Barboza, proprietário da Latina Ambiental, que contratou um miliciano para ameaçar Fábio Yang de morte – uma tentativa criminosa de censurar as denúncias sobre o esquema de licitações fraudulentas da gestão Abelardo-Foloni publicadas pelo Jornal Noticiantes.
Durante busca e apreensão no apartamento de Abílio Giacon, agentes do Gaeco encontraram, inclusive, cópias dos boletins de ocorrência da vítima (Fábio Yang) registrados na Polícia Federal e Polícia Civil de Bariri. O Gaeco investiga como Abílio Giacon teve acesso privilegiado a esses documentos policiais.