O Besouro Rola B. (parte 1)

O Besouro Rola B. (parte 1)

Dark Souls, GTA V, Fortnite, Minecraft, Elden Ring. O que está escrito? Qual o significado dessas palavras? Seria uma declaração de amor? Ou uma mensagem cifrada que, se decifrada, poria em risco a paz mundial? Para mim, é apenas um punhado de letras. Mas, para o meu neto Guilherme, de 12 anos, são os nomes de alguns dos muitos jogos de internet que ele conhece e aprecia. Além de disputar esses games, ele tem aulas de inglês, futebol, natação e judô. Tudo isso sem falar na escola “oficial”, com suas extenuantes tarefas de casa. Haja disposição para tudo isso!
Voltando ao passado, prezado leitor, você imagina o que existia há 70 anos? Aos 12 anos, quando me mudei para Pederneiras com meus pais, algumas tardes eram movimentadas por encontros com a molecada, quando rodávamos pião e jogávamos bolinha de gude na esquina do colégio das irmãs. Antes, ainda morando na roça, a vida melhorou quando meu pai comprou um Fordinho 1929. Primeiro, porque eu consegui aprender a dirigir, apenas prestando atenção ao que o Arlindo Graisfinberg Matheus, de Itapuí, ensinava para os meus pais. Segundo, porque começamos a passear. Em alguns domingos íamos à Bica de Pedra, onde eu passava horas pedalando uma bicicleta alugada, que não tinha breque. Ainda bem que a cidade, atual Itapuí, é plana!
Muitas vezes íamos a Pederneiras, onde eu cumpria um ritual. Depois da matinê, comia um pastel e bebia um guaraná na Brasserie Jardim. Depois, andava um pouco e chegava à banca de jornais da dona Iva Picolli. As revistas eram escassas, todas mensais: “O Tico-Tico”, “Vida Infantil”, “Vida Juvenil”, “Edição Maravilhosa”, “Guri” e “Gibi” – esta, a mais famosa de todas, viraria sinônimo de revista em quadrinhos.
Uma curiosidade: a primeira revista que eu tive me foi dada por um marinheiro – mas não dentro de um navio. Íamos de trem para Garça. Ao desembarcar em Bauru, com seu uniforme impecavelmente branco, ele me deu o Gibi. Eu estava começando a aprender a ler.
Voltando à rotina da minha infância: toda manhã eu fazia um bom exercício, uma caminhada de dois quilômetros para ir à escola, na Floresta, atual Boraceia. Minha diversão principal era imitar o Tarzan. Não tendo a tanga usada pelo herói, eu brincava usando calça, camisa e botinas. Costumava explorar a mata ciliar existente no entorno de uma mina d’água. Mas não ia desarmado: estava sempre munido de arco e flecha, de fabricação própria. Felizmente, jamais encontrei qualquer animal, pois minha pontaria era péssima, não acertaria nem elefante a cinco metros de distância. Já o grito do Tarzan para chamar os paquidermes era inimitável, pois misturava a “voz” daquele animal com a voz humana. Mas, afinal, o que tudo isso tem a ver com o besouro rola B? Nada, até agora. Tudo, na semana que vem!