“Localização subjetiva quanto ao Tempo”
As pessoas em suas vivências estão vinculadas: ao passado, ao presente ou ao futuro? Algumas considerações referentes a localização das vivências subjetivas: quando o tempo conjugado determina o tempo vivenciado.
Vejamos: há pessoas que para darem um passo para o futuro, o qual é de muita importância para elas, olharão para o passado. Será necessário buscar na história, nas lembranças vivenciadas, na memória, nas recordações aquilo que as referenciarão. Para algumas pessoas será assim, mas não para todas.
Há aquelas que quando se projetam para o futuro, olham simplesmente para o futuro. Alguém poderia perguntar: será que esse olhar voltado somente para o póstumo, não considerando as bases do presente, ou lembranças, recordações alusivas ao assunto, não causariam problemas? Em alguns casos poderiam vir a ter “problemas”, no entanto, o objetivo não é deliberar a partir dos “problemas”, mas considerar que as pessoas não vivenciam da mesma forma os acontecimentos, ou seja, cada um, pelo fato de ser diferente e vivenciar o seu cotidiano de forma díspar, fica em aberto o resultado.
Uma pessoa quando se projeta, se lança para o futuro, e é do tipo que considera a sua história, aquilo que foi vivenciado, seus arquivos, recordações, os dados registrados, é significativo que ela busque essas bases, pois o passado será um referencial que propiciará uma infinidade de fatores que regularão esse movimento existencial. Porém, se o presente pouco dialoga com o passado e de fato está distante, já se foi, pois carrega axiomas do tipo: “águas passadas não movem moinhos”, significa dizer, que o histórico não terá eficácia. O mais provável é que essa pessoa buscará outros embasamentos. Portanto, se ela não tiver essa maneira, não vai valer alguém persistir para que possa olhar para o passado, como referência em suas buscas, pois não vivencia desta forma, não dialoga com o passado. Poderá ser uma tentativa inválida e não acontecer acréscimos.
A Filosofia Clínica procura considerar profundamente o dado fenomenológico numa pessoa, os elementos que ali se encontram, como ela vislumbra, ou como o mundo é representado para ela referente à temporalidade.
Não querendo ser repetitivo, mas cada pessoa tem em si um modo próprio de ver e de se relacionar. Alguns costumam buscar em seus arquivos possibilidades para dar um passo. Não se relacionam diretamente com o agora, muito menos com o futuro, pois para eles tem que haver essa conexão, essa ponte com o já vivido. Outros não se alistam a esse jeito: passado de fato é passado! Para se lançarem a este tipo de entendimento, ou seja, do passado como “ponte”, poderá não contribuir. Também há os que vivenciam a partir do passado e já se lançam para o futuro, praticamente não vivenciando o presente. Em movimentos assim, poderão haver benesses e danos, pois, tudo dependerá do como as vivências ocorrem e o quanto o tempo tem de peso subjetivo na estruturação conceitual da pessoa.
Portanto, você que lê este artigo e se, por exemplo, você tem a praxe de buscar dados nos acontecimentos já vividos para dar os passos, poderá fazê-lo. Entretanto, se você não faz assim, não há motivo necessariamente para fazer. É importante que sejam observadas as considerações que aparecem na Historicidade.
Também há que ser considerado que além da localização das vivências, outro movimento existencial precisa ser destacado, o qual diz respeito aos ritmos existenciais (assunto já tratado). Só para recordar: há pessoas em que o tempo subjetivo é mais lento ou mais rápido do que o cronológico em suas vivencias. Todavia, também pode ser parcial, ou seja, num determinado acontecimento, elas entendem que o tempo passou rápido e em outro acontecimento, entendem que o tempo foi lento. Também há aquelas que correm atrás do relógio e sempre falta tempo e outras que não correm atrás do relógio e, no entanto, sobra tempo. Uma pessoa, se percorrer determinado espaço num tempo e se percorrer o mesmo espaço num outro tempo, poderá cumular vivências diferentes. Por exemplo: se a pessoa percorrer um espaço com uma distância de mil metros caminhando, demorará um período de tempo; se percorrer com uma bicicleta, demorará um período de tempo provavelmente menor; se percorrer com um carro, provavelmente menor ainda. O que a pessoa terá acesso se percorrer andando; se percorrer com a bicicleta; se percorrer com o carro, será diferente provavelmente e com isso diferentes composições para as vivências etc.
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