Presidente do conselho da Santa Casa de Bariri critica pacientes que reclamam do atendimento do hospital e condena veículos de imprensa que dão voz à população; fala tem repercussão negativa
A fala de um membro do conselho superior da Santa Casa de Misericórdia de Bariri durante a audiência pública de quarta-feira (29), chamou a atenção negativamente pelo teor controverso. Tudo começou quando um munícipe pediu a palavra para falar sobre uma situação, na qual a Santa Casa de Bariri foi incapaz de socorrer.
“Se fosse pela Santa Casa daqui de Bariri, eu não estaria aqui hoje. Sofri um acidente quando estava de carona e fui mandado para Jaú. Muita gente já se foi aqui em Bariri por causa do estado que está a Santa Cassa. Quando minha família estava em Jaú, por conta do meu acidente, eu estava apagado e eles ouviram pessoas da Santa Casa de Jaú falando que não era para estarmos lá. Falando que era para Bariri estar dando base para Itaju e Boraceia. Mas a nossa Santa Casa não suporta nem as pessoas da nossa cidade. As pessoas de Bariri são mandadas para Jaú e Jaú está sempre lotado. Acima de qualquer coisa aqui, temos que manter a Santa Casa. Era para muita gente estar aqui hoje e perdemos muitas pessoas por faltas da nossa Santa Casa”, desabafou num depoimento emocionado.
Após isso, Vilson Coletta, presidente do conselho do hospital, também pediu a palavra. Ele classificou a Santa Casa de Bariri como “a porta da morte”. Vilson disse que a atual gestão está se esforçando para salvar pessoas, sustentando que, acima de recursos financeiros, a Santa Casa precisa de respeito.
Em tom alterado, Vilson afirmou que antes da atual equipe, a Santa Casa estava “totalmente arrebentada”. Ele citou, como conquista da atual administração, a aquisição de um aparelho raio-x digital – cometendo uma gafe ao se esquecer de mencionar que a máquina foi adquirida através dos recursos que os vereadores destinaram via emendas impositivas.
Em seguida, o presidente do conselho criticou publicações nas redes sociais que expõem o descontentamento de pacientes com o atendimento da Santa Casa, estendendo à crítica aos veículos de imprensa, que dão voz à população.
“Precisamos que a imprensa nos ajude falando o que estamos fazendo. O que a gente vê no Facebook é meter o pau na Santa Casa porque dá ibope. Mas na hora que tem um acidente na rua, vai na porta do pronto-socorro. Peço que vocês nos ajudem na imprensa e no Facebook, dizendo que na Santa Casa tem gente séria, trabalhando”, explanou.
Citando, por fim, as eleições do próximo ano e o novo sistema de atendimento recém-implantado no hospital – que causou longas filas de espera e muita reclamação entre os baririenses – ele disparou: “Quem chegar lá urgente vai ser atendido urgente; quem chegar lá e não for urgente vai ter que esperar”.
Respondendo à Vilson, o vereador Edcarlos Santos deixou claro que nenhum vereador de Bariri critica ou cria problemas para Santa Casa, e que a população tem o direito de reclamar, já que o hospital é gerido com dinheiro público.
“Estamos falando de uma Santa Casa que recebe R$ 1,2 milhão por mês. Quem tem direito de reclamar é a população e, nós, como vereadores, temos que dar o respaldo para vocês. É o que temos feito em não polemizar situações e ser parceiros de vocês. A Santa Casa é nossa e temos que ser parceiros. Não estamos aqui tratando de futuras eleições. Estamos tratando do dia de hoje”, afirmou Edcarlos.
A fala de Vilson ganhou repercussão negativa entre os baririenses. Na manhã seguinte à audiência pública, um recorte do trecho da fala do presidente do conselho foi compartilhado massivamente através do WhatsApp, com mensagens ironizando o discurso.
“Sou o Vilson Coletta, e tô doido pra tomar fumo hoje!”, dizia uma mensagem de autoria anônima encaminhada junto ao vídeo. “Com o triplo de repasse em comparação ao que o dr. Gonzaga tinha, o que ele fez para melhorar o hospital? Só organizou a fila”, alfinetou outro comentário.
Comentários (0)
Comentários do Facebook