Vereadores da Comissão de Assuntos Relevantes iniciam investigação para apurar se houve negligência no acidente que vitimou encanador em Bariri; Servidores do Saemba prestam depoimento à Polícia Civil e tragédia completa um mês

Vereadores da Comissão de Assuntos Relevantes iniciam investigação para apurar se houve negligência no acidente que vitimou encanador em Bariri; Servidores do Saemba prestam depoimento à Polícia Civil e tragédia completa um mês
Vereadores da Comissão de Assuntos Relevantes iniciam investigação para apurar se houve negligência no acidente que vitimou encanador em Bariri; Servidores do Saemba prestam depoimento à Polícia Civil e tragédia completa um mês

Os vereadores Leandro Gonzalez (Podemos), Edcarlos Santos (PSDB) e Myrella Soares (União Brasil) se reuniram terça-feira (29), na primeira reunião da Comissão de Assuntos Relevantes, formada com o objetivo de investigar as circunstâncias em torno do acidente que vitimou o encanador Adelson Aparecido Bertoldo, servidor público do servidor público do Serviço de Água e Esgoto do Município de Bariri (Saemba), que veio a óbito 31 de julho, ao sofrer acidente de trabalho ocorrido em uma obra de responsabilidade da autarquia.

Presidida por Leandro, a comissão tem Edcarlos como relator e Myrella como membro. Os nobres terão prazo de funcionamento de até 120 (prorrogáveis para mais 120) para conclusão dos trabalhos e apresentação do relatório final.  Neste período, os vereadores devem acompanhar, ouvir pessoas envolvidas, analisar e fazer um relatório sobre o acidente, que levantou suspeitas de possível negligência por parte do Poder Público.

Conforme apurado pela reportagem do Noticiantes, a escolha de Edcarlos como relator foi pautada por questões técnicas, que tiveram como base sua capacitação como profissional de Segurança do Trabalho. Formado no ano de 2005 pela ETEC Joaquim Ferreira do Amaral (Centro Paula Souza), em Jaú, Edcarlos possui registro no Ministério do Trabalho, com atuação diversas em áreas de empresas de médio e pequeno porte na função.

“Como relator, pretendo iniciar o relatório fazendo uma análise prévia de quais deveriam ser os equipamentos e procedimentos de segurança de trabalho a serem estabelecidos nesse tipo de obra. Com base nisso, vamos averiguar que o Saemba possuía, dentro do que é exigido na legislação”, destacou Edcarlos.

 

Sindicato dos servidores acompanha funcionários durante oitivas

Três servidores do Saemba prestaram depoimento segunda-feira (28), na Delegacia de Polícia Civil de Bariri, em meio ao inquérito aberto para investigar ad circunstâncias em torno da morte de Adelson Aparecido Bertoldo.

Durante as oitivas, os funcionários foram acompanhados pela advogada dra. Isabela Bolini, representante jurídica do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bariri.

Consultado pela reportagem, órgão presidido por Gilson de Souza Carvalho emitiu a seguinte nota:

“O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bariri/SP, por intermédio da Presidência e sua assessoria jurídica, emite a presente com objetivo de informar à população e aos seus sindicalizados, que desde a data de 31 de julho de 2023, quando o servidor Adelson Aparecido Bertoldo fora fatalmente vitimado por soterramento durante obra de ampliação de rede de esgoto, esta entidade sindical tem se colocado à disposição dos servidores que presenciaram os fatos e de todos aqueles que, de alguma forma, necessitarem.  Ressalta-se, nessa oportunidade, a completa disponibilidade aos servidores de todas as ferramentas das quais dispõe o Sindicato, desde acompanhamento, orientação e todo o mais que se fizer necessário para resguardar os direitos dos servidores públicos deste município.”

 

Morte de Adelson completa um mês e questões sobre condições de trabalho do Saemba seguem sem respostas

Aos 56 anos, o experiente encanador Adelson Aparecido Bertoldo foi soterrado após um desmoronamento de terra ocorrido em 31 de julho, no local da obra de ampliação da rede de esgoto, localizada no Jardim Garotinho, às margens da rodovia Braz Fortunato. O Corpo de Bombeiros de Bariri foi acionado e, após aproximadamente duas horas, o corpo da vítima foi retirado e o óbito oficialmente confirmado. Segundo a corporação, o encanador ficou soterrado em uma vala de 3 a 4 metros de profundidade, com peso aproximado de uma tonelada de terra.

Em meio ao choque e luto da comunidade baririense pela perda de Adelson, uma série de questionamentos seguem em aberto a respeito das condições de trabalho na obra de responsabilidade do Saemba.

A autarquia comandada pelo superintendente Éder Cassiola se limitou a emitir nota de pesar, afirmando que “será realizada uma apuração interna para esclarecer as causas e eventuais responsabilidades sobre o acidente de trabalho”. No entanto, desde o momento da fatalidade, a imprensa e a população de Bariri fazem as seguintes perguntas:

 

  • Quais foram as causas do desmoronamento?;

 

  • Quem era o engenheiro responsável pela obra?;

 

  • Havia técnico de segurança do trabalho no local?;

 

  • Vítima e demais trabalhadores estavam munidos de equipamentos de segurança e proteção individual, além de equipamentos de segurança coletiva?;

 

  • Vítima e demais trabalhadores tinham preparação técnica e certificado de treinamento para executar o serviço?;

 

  • O acidente poderia ter sido evitado?;

 

  • A rodovia Braz Fortunato (SP-261) foi sinalizada e equipada com redutores de velocidade a fim de evitar trepidação causada pela passagem de veículos próximo à obra?;

 

  • Havia projeto técnico do engenheiro credenciado?;

 

  • Havia plano de escavação contendo todos os riscos do local e quais as precauções deveriam ser tonadas?;

 

  • Qual distância estavam depositando a terra? (uma vez que isso pode ser um fator de peso que gera deslizamento).

 

População teme nova tragédia no local

Um morador do Jardim Garotinho entrou em contato com a reportagem do Jornal Noticiantes nesta semana, para relatar seu incômodo com a obra inacabada do Serviço de Água e Esgoto do Município de Bariri (Saemba) no local do acidente que vitimou Adelson Aparecido Bertoldo.

Após a fatalidade, a obra foi paralisada. No entanto, a reclamação é que a autarquia não deu a devida atenção ao local.

“Olha a situação de onde foi tapado o buraco na entrada do Jardim Garotinho. Está literalmente afundando tudo; cada hora que passa está piorando mais e mais. Fizeram um serviço tão bem feito que a primeira chuva afundou tudo”, denunciou o munícipe.

Por estar situado às margens da rodovia, o local sofre com a trepidação causada pelo grande fluxo de veículos. Segundo o denunciante, esse fator também está agravando a situação.

“Vai piorar ainda mais, pois cada veículo que passa, o chão está sedendo mais. Depois do acidente, eles tamparam o buraco muito rápido; fizeram de qualquer jeito, então está cedendo”, finaliza.

Passam crianças ali direto em cima do buraco. Vai acontecer outra tragédia se ninguém tomar as providências”, comentou uma internauta.