Pessoas de Bariri irão integrar o rol de acusados pela associação criminosa armada responsável por atentado contra empresário e fraude em licitação, afirma Ministério Público

Pessoas de Bariri irão integrar o rol de acusados pela associação criminosa armada responsável por atentado contra empresário e fraude em licitação, afirma Ministério Público
Pessoas de Bariri irão integrar o rol de acusados pela associação criminosa armada responsável por atentado contra empresário e fraude em licitação, afirma Ministério Público

“Foi possível constatar uma estrutura organizada para fraudes licitatórias na cidade de Bariri-SP, com desvio de recursos públicos. E, para além disso, associaram-se com pessoas armadas para coagir possíveis denunciantes e testemunhas”.

O trecho acima foi retirado do documento intitulado “Procedimento Investigatório Criminal”, assinado pelos promotores Nelson Aparecido Febraio Junior, Paula Garmes Reginato Coube, Ana Maria Romano e Gabriela Silva Gonçalves Salvador. Datada de 16 de agosto, a representação pediu a prisão temporária do Capitão da Polícia Militar, Alexandre Gonçalves, 40 anos, preso na última sexta-feira (18), em Araras-SP, após aval do juiz Mauricio Martines Chiado, da 2ª Vara Judicial da Comarca de Bariri.

Alexandre foi detido em mais uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), comandada pelo promotor dr. Nelson Aparecido Febraio Junior. Ele é apontado como o executor do atentado com arma de fogo contra o empresário baririense Fábio Yang, ocorrido em 02 de junho. O mandante do crime, Paulo Ricardo Barboza, proprietário da Latina Ambiental, também segue preso desde o dia 08 de julho, após atuação da Delegacia de Investigação Gerais de Jaú, sob o comando do delegado dr. Marcelo Tomaz Góes.

O crime foi arquitetado num ato de vingança, em represália às denúncias publicadas pelo Jornal Noticiantes, nas quais uma série de reportagens deram publicidade a diversas irregularidades no processo de licitação que contratou a Latina Ambiental para prestar serviços de limpeza pública na Prefeitura Municipal de Bariri, com sanção do prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho. Ao utilizar arma de fogo para coagir a vítima, encapuzado, Alexandre proferiu a seguinte frase: “pare de publicar coisas sobre a limpeza pública e sobre o prefeito”.

Conforme os autos do processo, a ficha do capitão da PM que executou o crime em seu período de folga da corporação, indica que ele ainda é investigado por associação criminosa, tráfico de drogas e homicídios de quatro pessoas (cometidos no ato de sua função).

“As gravidades dos delitos saltam aos olhos! Notadamente há crime pelo fato de os executores (dentre eles Alexandre) terem consignado que o acionamento de polícia ou registro de ocorrência acarretaria na morte de toda a família da vítima. Ainda, conforme atestado de antecedentes militares, Alexandre é envolvido e investigado por envolvimento em organização criminosa, tráfico de drogas, homicídio etc.”, alega o Ministério Público.

 

Como mandante e executor foram descobertos?

As investigações que renderam as prisões de Paulo Ricardo Barboza e Alexandre Gonçalves contaram com análise das câmeras de segurança do local dos fatos, quebra de sigilos telemático, apreensões realizadas com autorização judicial, monitoramento de antenas e geolocalização, além de imagens de câmeras de segurança de praças de pedágio por onde passou o veículo alugado (VW/Voyage, de cor branca) utilizado no dia do crime.

Com a quebra de sigilo telemático, o contato telefônico do executor (Alexandre) foi encontrado salvo na agenda telefônica do mandante (Paulo Ricardo). “Pudemos constatar que Paulo e Alexandre possuem iteração de conversas, sendo amigos reciprocamente adicionados”, observou o Ministério Público.

O histórico de localização ainda identificou que o celular de Alexandre registrou a mesma localização do veículo utilizado para a prática do crime, comprovando que seu celular realmente estava dentro do carro durante todo o deslocamento de ida e volta, entre as cidades de Araras (local de residência do acusado) e Bariri.

Outro fato que chamou a atenção é que, no dia anterior ao crime, Alexandre esteve na área em que fica a sede da Latina Ambiental, em Limeira. Em depoimento ao Ministério Público, uma funcionária da empresa confirmou que o VW/Voyage permaneceu recolhido na Latina antes do fato, além de afirmar que o próprio Paulo Ricardo fez a entrega das chaves a uma terceira pessoa (que seria Alexandre).

 

Trajeto do veículo

O automóvel VW/Voyage, utilizado por Alexandre no dia do crime, foi alugado por Paulo Ricardo na empresa Germânica Veículos, de Limeira. Conforme consta nos autos do processo, em 02 de junho, o veículo passou cinco vezes, por três diferentes praças de pedágio, entre ida e volta.

 

Antes crime: Rio Claro (às 4h50); Brotas (às 5h18); Dois Córregos (às 5h40).

Após o crime: Brotas (às 7h42); Rio Claro (às 8h13).

 

“Ficou evidenciado que o veículo deixou a cidade de Limeira no dia do crime, veio até a cidade de Bariri justamente no horário do crime e, após sua execução, deixou a cidade de Bariri e rumou, uma vez mais, para cidade Limeira”, destaca a promotoria.

No caminho de ida, após passar por Dois Córregos, o veículo foi conduzido até Bariri em velocidade acima da permitida, sendo autuado por multa de trânsito.

Após o crime, ao deixar Bariri, o veículo mudou o percurso e, diferentemente do que ocorreu na ida, evitou passar pelo pedágio de Dois Córregos, desviando o caminho pela cidade de Torrinha.

“E existiu uma razão para o desvio no percurso:  próximo da praça de pedágio de Dois Córregos existe uma base da Polícia Militar Rodoviária, que poderia ter a ocorrência com identificação do veículo radiada. Como se denota, o desvio por Torrinha-SP foi plenamente articulado para desvio de bloqueio policial, o que, agora, justifica o fato de não terem passado pelo pedágio de Dois Córregos na volta”, explica o Ministério Público.

 

“Pessoas de Bariri” entram na mira do GAECO

Na megaoperação ocorrida no dia 08 de julho, foram apreendidos documentos, aparelhos celulares e demais equipamentos eletrônicos (tablets, notebooks, etc.), após busca e apreensão em seis endereços localizados em Bariri.

As apreensões ocorreram na Prefeitura Municipal, Diretoria de Obras e Meio Ambiente, sede da Latina Ambiental, sede da empresa Mazo & Giacon, apartamento do dono da empresa Mazo & Giacon, além da residência do ex-chefe de gabinete de Abelardinho, Flávio Muniz Della Coletta.

Em manifestação contra a revogação da prisão de Paulo Ricardo Barboza, solicitado pela defesa do proprietário da Latina Ambiental, o promotor Nelson Aparecido Febraio Junior foi enfático ao afirmar que o Ministério Público, através do GAECO, trabalha para identificar baririenses ligados à associação criminosa.

“Paulo Ricardo se valeu de pessoas da cidade de Bariri para levantar informações da rotina e endereço da vítima, pessoas que, inegavelmente, irão integrar o rol de acusados pela associação criminosa armada”, diz o promotor.

O GAECO também apreendeu documentos e equipamentos eletrônicos em quatro endereços de Jaú ligados ao ex-diretor de Obras do governo Abelardinho, Giuliano Griso, além de ainda cumprir mandados de busca apreensão nos municípios de Itaju e Limeira.

 

Juiz nega liberdade à proprietário da Latina Ambiental

O Juiz de direito Mauricio Martines Chiado, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (Foro de Bariri), acompanhou a manifestação da promotoria e negou o pedido impetrado pela defesa de Paulo Ricardo Barboza, que solicitou a revogação da prisão temporária, ou substituição por medida cautelar.

Com a decisão publicada terça-feira (21), Paulo Ricardo Barboza segue preso na Cadeia Pública de Pirajuí.