Recenseadores do IBGE sofrem ameaças e enfrentam dificuldades para executar coleta de dados do Censo 2022 em Bauru

Recenseadores do IBGE sofrem ameaças e enfrentam dificuldades para executar coleta de dados do Censo 2022 em Bauru
Categoria ameaça greve a nível nacional devido às dificuldades

A agência bauruense do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vem recebendo ocorrências de hostilidade da população contra os recenseadores que batem de casa em casa para realização do Censo Demográfico 2022.

Segundo o IBGE, um dos profissionais chegou até mesmo a ser ameaçado com um facão no Jardim Ouro verde. Em outro caso, o recenseador teve seu equipamento de coleta digital furtado no Parque Vitória Régia.

A equipe do IBGE também é alvo de xingamentos. Uma recenseadora relatou que foi chamada de “retardada” por um morador e não conseguiu finalizar a entrevista. Em sua grande maioria, moradores ficam receosos em responderem perguntas como renda, número de cômodos da casa, e informações sobre benefícios sociais, como o Auxílio Brasil.

Os recenseadores de Bauru também revelam dificuldades para conseguir acessar condomínios de apartamentos, visto que há necessidade de autorização prévia das administradoras. "Este é nosso maior desafio hoje: explicar e fazer estas empresas entenderem a legislação federal [que prevê a obrigatoriedade de todo cidadão prestar informações ao Censo]", disse Mateus do Amaral Bueno Arruda, chefe da agência do IBGE em Bauru, em entrevista ao JC Net.

 

Insatisfação e ameaça de greve nacional

Não é só o município de Bauru que enfrenta dificuldades na realização do censo demográfico 2022. Segundo o IBGE, em três semanas de coleta de dados, aproximadamente 43 milhões de pessoas já responderam ao questionário; mais de 19 milhões de domicílios já foram visitados em todo o território nacional brasileiro, mas os problemas enfrentados pelos recenseadores são tantos que já surgiram rumores de greve da categoria.

Insatisfeitos com o instituto, os profissionais ameaçam deflagrar greve nacional, caso o IBGE não se posicione sobre a precarização das condições de trabalho. O principal motivo para a possível paralisação é a falta de pronunciamento do presidente do IBGE, Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto, sobre as condições de trabalho dos contratados temporariamente. 

Os recenseadores contratados afirmam que as principais dificuldades são:

 

  • Deslocamento em áreas perigosas ou de difícil acesso;
  • Veiculação das notícias falsas;
  • Ameaças, agressões (verbais e físicas) e o assédio sexual;
  • Abuso de autoridade;
  • Falta de assistência da supervisão com a sua equipe em campo;
  • Divergência de informações prestadas durante o treinamento e na prática, como por exemplo, o fechamento do setor censitário (% do número de ausentes e recusas);
  • Desligamento sem ou com justa causa sem justificativa;
  • Falta de divulgação (outros meios de comunicação: outdoor, carro de som e outros);
  • Ausência da ajuda de custo do treinamento (realizado em julho).