Gilson é alvo de pedido de impeachment após MP citar fake news e pedir providências à Câmara por denúncia sobre morte de recém-nascido; vereador sustenta que não mentiu, pais do bebê gravam vídeo e Santa Casa emite nota

Gilson é alvo de pedido de impeachment após MP citar fake news e pedir providências à Câmara por denúncia sobre morte de recém-nascido; vereador sustenta que não mentiu, pais do bebê gravam vídeo e Santa Casa emite nota

“Fui procurado por um casal, pais da criança que veio a óbito na Santa Casa de Bariri. Os pais relataram o ocorrido e, diante da denúncia formal e do vídeo que me apresentaram, solicitei uma série de requerimentos para apuração do caso. Na palavra livre, minha intenção era apenas comentar sobre os pedidos e justificar suas razões. No entanto, ao ser questionado pelo vereador Rubinho sobre a Santa Casa, acabei mencionando o falecimento da criança. Segundo os pais, a causa foi a falta de oxigênio e o fato de as portas não terem se aberto. Em nenhum momento fiz qualquer afirmação inverídica. Apenas relatei o que me foi informado pelos pais da vítima. Não há, no Regimento Interno da Câmara, qualquer exigência de que eu precise estar presencialmente no local para levar adiante uma denúncia ou reclamação. Sobre a apresentação ou inspeção do Ministério Público, fui convidado a comparecer, e não notificado. Inicialmente, a reunião foi marcada para quarta-feira à noite, depois transferida para quinta-feira à noite e, por fim, recebi um convite do MP para sexta-feira à tarde. No entanto, eu já tinha compromissos agendados para esse horário. Antes da reunião, conversei com o Assistente da Promotoria e ele confirmou que não haveria problema na minha ausência, pois tratava-se apenas de um convite (tenho todos os registros dessa conversa). Em momento algum me foi solicitado qualquer comprovante ou declaração de não comparecimento. Diante disso, desconheço o motivo pelo qual a Promotoria solicitou providências contra mim na Câmara Municipal. O caso deve ser apurado pelas autoridades para que possa se chegar a real conclusão do que realmente aconteceu. Reafirmo meu compromisso com o povo de Bariri em busca de elucidar o caso com transparência, sempre em busca da verdade. Permaneço à disposição da população em meu mandato de vereador, em que for possível ajudar.”Vereador Gilson de Souza Carvalho (PSB)

 

O servidor público Carlos Roberto Furcin, protocolou, na tarde de quarta-feira (18), na Câmara Municipal de Bariri, denúncia contra o vereador Gilson de Souza Carvalho (PSB), solicitando que a Casa de Leis casse o mandato do nobre por quebra de decoro parlamentar.
De acordo com a representação da qual a reportagem do Noticiantes teve acesso, o denunciante alega que Gilson “praticou a disseminação de informações falsas, com séria e infundada acusação em face da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Bariri, quando atribuiu a morte de uma criança à ausência de insumos (oxigênio), dando a entender e, principalmente, difundindo junto à sociedade e opinião pública baririense que a morte da criança se deu por omissão da entidade, gerando comoção social e tumulto”.
Furcin ainda cita um ofício assinado pelo Promotor de Justiça, Dr. Nelson Apareciso Febraio Junior, que foi enviado ao Legislativo e lido na íntegra na sessão desta segunda-feira (17). No texto, o Ministério Público pede que a Câmara “tome providências” em relação à conduta de Gilson. 
Em nota enviada à nossa reportagem, Gilson de Souza Carvalho negou que disseminou falsas informações e sustenta que foi procurado pelos pais da criança, que suplicaram o auxílio dele.
A denúncia que pede o impeachment de Gilson vai entrar na ordem do dia da sessão ordinária de 06 de março (quinta-feira pós carnaval). Os oito vereadores e o suplente de Gilson pelo PSB, Dr. Paulo Crepaldi (caso seja convocado pelo presidente da Câmara), votam pelo acolhimento ou arquivamento da representação. 
Se a maioria simples dos parlamentares presentes na sessão decidir pelo acolhimento, será aberta uma Comissão Processante (CP), para julgar a suposta prática de quebra de decoro parlamentar de Gilson, procedimento que tem o prazo de 90 dias e pode culminar em impeachment. Caso o voto seja pelo não recebimento da denúncia, a representação será arquivada. 
O Noticiantes transmitirá a sessão ordinária na íntegra, através do YouTube e Facebook.

 

Pais de recém-nascido falam de falta de oxigênio em vídeo

Um vídeo do qual a reportagem do Noticiantes teve acesso com exclusividade, mostra os pais do bebê recém-nascido comentando o caso. Confira abaixo a transcrição do vídeo em questão. Os nomes e imagem dos envolvidos serão preservados em respeito à família enlutada. 

Mãe: Boa tarde, eu sou a mãe da Maria Clara. No dia 17, correu tudo bem com ela, ela tinha pegado um peso de 2,8 kg. Ela nasceu com prematura extrema. E no dia 17, às 6 horas da tarde, a enfermeira foi no quarto, mediu os batimentos dela, tava tudo ok. Sete horas ela foi dar um mamazinho pra minha filha. Minha filha tava tudo bem, tava conversando com os parentes dela, falando que ela tinha pegado peso, que nós iríamos ter alta. Ela ficou inteirinha roxa, a enfermeira pegou ela no colo, correu com ela pra UTI. Até chegar na UTI, foi na hora que ela chegou sem tempo, sem vida. E aquelas portas lá, até colocar a face lá, não pegou. E foi na hora que a médica demorou 5 minutos pra chegar. Então, a minha revolta é sobre isso daí, que eu pedi ajuda falando do oxigênio, que no quarto que eu estava, não tinha oxigênio. Eles tão falando que tinha, mas não tinha o quarto, oxigênio. Só tava eu, minha filha e o berço dela.

 

Pai: Ela ligou pra mim no dia e eu fiquei meio assim, né? Eu tava tomando banho pra poder ir ver a nenê, sabe? Só que aí ela falou pra mim que, do nada, ela tinha ficado roxa, porque não tinha oxigênio pra apanhar a nenêzinha ali na hora. Até eles correm lá pra Santa Casa, abrir aquelas portas, não dava mais tempo. Porque todos os bebês prematuros extremos, até ela tem uma amiga que fala que realmente o nenê de uma hora ou outra acaba esquecendo de respirar.

 

Mãe: Que precisa do oxigênio. 

 

Pai: E no dia... Devia ter ali pelo menos, mesmo que ela não fosse usar, mas se caso ela precisasse (que nem ela precisou), ela usaria, entendeu? O que ela ia gastar naquilo ali? Pouca coisa de oxigênio. Ia deixar ali do lado, tudo pronto pra ela. Eles só colocavam caninho pra ela poder mamar só. E deixaram ela sem nada, porque ela tava respirando sozinha. Mas eles acreditavam que ela não ia precisar. Porque lá em Jaú, quando aconteceu isso, de precisar do oxigênio, ela já tava na UTI do lado. Ali eles já colocaram, ela já voltou normal. ‘Fica tranquilo, pai e mãe, que sua filha tá bem’. Foi isso que falou pra nós.

 

Mãe: Nós chegamos aqui em Bariri por volta das 5 horas. E eu retornei ligando pra perguntar como que minha filha estava. Falaram que ela estava tudo bem. Que ela já tava normal. Que já tinha colocado oxigênio nela. E a minha revolta era que a doutora ficava de um a dois dias sem passar no quarto. Eu ficava super revoltada. Foi na hora que eu cheguei pra uma das enfermeiras. Falei assim: "quero levar minha filha embora. Como que eu faço pra estar levando ela embora?" Mas eu não ia trazer ela pra casa. Eu ia levar ela pra Jaú. Porque eu tava vendo aqui que minha filha ia acabar morrendo. E aconteceu o que aconteceu mesmo. E foi na hora que chamaram o doutor Gonzaga. E o doutor Gonzaga falou assim que precisava esperar ela pegar peso. Foi na hora que eu peguei e falei, tá bom, então eu fico aqui. Até minha família, meu esposo, falou que era pra mim vir embora com a nenê. Que eu ia pra Jaú com ela. Foi na hora que eu falei assim, não, eles falaram assim que se eu for embora eles vão fazer um boletim de ocorrência. Que isso daí é processo pra mim. Porque ela era uma bebê prematura extrema.

 

Pai: A gente fica pensando assim, porque a gente tem um pouco de medo de...

 

Mãe: Se aconteceu com a minha filha, pode acontecer com vários bebês, entendeu? Precisa dar oxigênio até correr. Pode correr até na UTI. Pode correr na hora que quiser. Foi na hora que eles levaram a minha filha na UTI.

 

Pai: Não tem uma UTI pré-natal aqui em Bariri. Todos os nenéns que ficam ali, ficam no quarto. Se o nenê nasce normal, Deus abençoa que nasce normal. Realmente não precisa disso, mas quando o nenêzinho é que nem o nosso, tem que ter ficado pelo menos oito meses lá em Jaú. Porque pra vir pra cá tem que ter o preparo, deixar do lado. Porque ela é uma nenêzinha super delicada, tem que ter o maior cuidado com ela.

 

Mãe: Tem que ter o maior cuidado. Lá em Jaú, quando lá nós chegava, passava álcool. Onde se viu, eles proibiram até a visita da minha família. O pai tá indo visitar ela. Como que podia ir lá? Eles ficaram sem visita, por conta que falou que ela era uma bebezinha que não podia receber visita. A única visita que ia era só meu marido. Então eu espero que ajude o oxigênio que a gente pede. Aquelas portas, que no dia que eu fiquei desesperada, ninguém vinha dar notícia pra mim. Aquelas portas tudo fechadas.

Mãe: Todo momento eu ficava olhando ela, eu nunca deixei ela assim, tipo, sozinha. Até pra mim ir no banheiro, eu esperava o pai dela chegar pra poder tomar banho, porque eu não confiava em deixar ela sozinha. E outra, agora, falar que eu tava dormindo é mentira. Eu fiquei todo o tempo acordada, tava conversando com a família, tava até super contente que ela tinha pegado o peso. Falei assim, talvez sexta-feira ela vá embora. Uma hora o Gonzaga chegou e viu eu dando mamar pra ela. Ele me ensinou como se dava mamar. Porque às vezes ela tinha preguiçinha de sugar na madeira. Tava até contente. Então, eu tava todo momento de olho nela, até por tanto medo. Eu não confiava em deixar ela dormir no berço. Eu deixava ela dormir no meu cantinho ali. Até as enfermeiras falavam assim, Nossa, mas ela tá dormindo com você? Falei, sim, porque ela não quer dormir sozinha ali.

Mãe: Eu acordava, ficava ali sentada ali, vendo ali se ela tava bem, se ela tava tomando certinho o tetê dela. Ela passava um pouco na chuquinha e um pouco na sonda. Eu tava super contente que minha filha tinha pegado o peso. Que talvez nós íamos embora na sexta-feira. Isso daí aconteceu numa quinta com ela. Na sexta-feira foi de madrugada. Foi às sete horas, o pai dela chegou e ela tava sem vida. Por causa de bobeira de oxigênio da Santa Casa.

 

Pai: Porque se eles tivessem deixado o oxigênio do lado dela, não teria acontecido o que aconteceu.

 

Mãe: E não tinha oxigênio. Falar que tinha é mentira, não tinha. Só tinha um canudinho, mas não era oxigênio.

 

Santa Casa emite nota e reafirma que havia oxigênio na maternidade

Nossa reportagem também entrou em contato com a Santa Casa de Misericórdia de Bariri. Em nota oficial, Marina Prearo (Diretora Administrativa) e dr. Marco Antonio Gallo (Diretor Técnico), ressaltaram que havia oxigênio disponível no quarto do bebê. Confira abaixo o pronunciamento na íntegra:

" A Santa Casa de Bariri, diante das alegações divulgadas publicamente sobre a suposta falta de oxigênio ou falha no atendimento prestado a um bebê prematuro que veio a óbito em nossas dependências, vem a público esclarecer os fatos com base na inspeção realizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo no dia 14 de fevereiro de 2025 e nos registros médicos oficiais. O bebê em questão nasceu com prematuridade extrema, tendo apenas 24 semanas de gestação (seis meses), uma condição médica de altíssimo risco e complexidade. Inicialmente, foi encaminhado para a UTI Neonatal da Santa Casa de Jaú, onde permaneceu internado por 45 dias, recebendo cuidados especializados. Após receber alta da UTI, o bebê foi contra-referenciado para a Santa Casa de Bariri pela equipe médica de Jaú, onde permaneceu internado por 17 dias sob acompanhamento pediátrico contínuo para ganho de peso. Durante todo o período de internação, o bebê esteve estável, assistido pela equipe médica e de enfermagem, em um quarto com oxigênio canalizado e cilindros de reserva disponíveis. No dia do óbito, a equipe de enfermagem realizou verificação rotineira dos sinais vitais do bebê. Poucos minutos depois, ao retornar para a administração do aleitamento, a equipe identificou que o bebê havia sofrido uma parada cardiorrespiratória. A acompanhante do bebê estava no quarto, mas não percebeu o episódio. O Dr. Marco Antônio Gallo Diretor Técnico da Santa Casa de Bariri, foi o médico que atendeu o bebê. Assim que acionado, iniciou imediatamente as manobras de reanimação na criança. A médica pediatra Dra. Natália chegou rapidamente ao local para auxiliar na reanimação. Os médicos e a equipe de enfermagem executaram todos os procedimentos médicos possíveis para tentar reverter o quadro, inclusive a entubação do bebê. Todo o protocolo de emergência foi executado rigorosamente, mas, infelizmente, devido à condição de prematuridade extrema, a criança não resistiu. As afirmações de que houve falta de oxigênio na Santa Casa de Bariri são absolutamente falsas e irresponsáveis. A Santa Casa de Bariri possui oxigênio canalizado em todos os quartos da maternidade, abastecido por tanque central com fornecimento ininterrupto. Além disso, há cilindros de oxigênio de reserva disponíveis para emergências. A inspeção realizada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo confirmou que nunca houve falta de oxigênio. Além disso, a análise do atestado de óbito do bebê comprova que a causa da morte foi um choque cardiogênico decorrente da prematuridade extrema, sem qualquer relação com falta de oxigênio ou falha no atendimento prestado pela equipe médica. Declarações inverídicas e infundadas, como as que vêm sendo propagadas, causam grave dano à credibilidade da Santa Casa de Bariri e ao trabalho sério e dedicado de nossos profissionais de saúde. Além disso, geram desinformação na população e desrespeitam o compromisso da instituição com a transparência e a prestação de serviços de qualidade à comunidade. As alegações falsas aqui refutadas geraram constrangimento e abalo emocional aos profissionais de saúde envolvidos, que atuaram com compromisso e zelo, em especial ao médico Dr. Marco Antônio Gallo, além de desinformação e pânico na população, levando a uma percepção equivocada dos fatos. A Santa Casa de Bariri reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a excelência no atendimento à população. Toda e qualquer dúvida pode ser esclarecida por meio de consulta ao nosso Portal da Transparência ou diretamente com a administração do hospital. Não compactuamos com a propagação de informações falsas e nos reservamos o direito de tomar as medidas legais cabíveis contra qualquer ato que comprometa injustamente a honra e a reputação da instituição e de seus profissionais. A Santa Casa de Bariri continua de portas abertas para prestar um atendimento humanizado e responsável, sempre com base na ciência, na ética e no respeito à vida."