Myrella segue sob observação médica após agressão causar lesão na costela; Justiça impede motorista de se aproximar de vereadora

Myrella segue sob observação médica após agressão causar lesão na costela; Justiça impede motorista de se aproximar de vereadora

“Estou me recuperando aos poucos, ainda sinto dores devido aos hematomas. Minha costela foi lesionada, meu joelho também, devido aos chutes que recebi. Minha cabeça doeu muito por três dias seguidos. Tive episódios de apagões e dificuldade no raciocínio neste período, o que deixou minha família assustada. Acredito que seja devido a minha cabeça ter batido no chão e ser sacudida violentamente, enquanto a agressora me puxava pelos cabelos. A recomendação médica é repouso e observar os sinais. A cabeça melhorou, mas devo realizar um eletroencefalograma por segurança. Logo, meu estado é estável, porém, sigo em observação.” – Vereadora Myrella Soares

 

Duas semanas após o episódio de agressão ocorrido no Soma 1, sede da Diretoria Municipal de Saúde de Bariri, a vereadora Myrella Soares (União Brasil) ainda segue em recuperação e observação médica. Servidora pública de carreira, Myrella estava trabalhando na manhã do dia 03 de janeiro de 2025, quando foi surpreendida por outra servidora, a motorista Valentina Navarro, popularmente conhecida como “Valentina da Ambulância”, que investiu contra a vereadora em um momento de tensão. 
Segundo o relato de Myrella, a agressora a derrubou no chão, fator que fez com que suas costas e cabeça sofressem diretamente o impacto. A vereadora alega ter sido atingida por socos e chutes, além das ofensas verbais. Com histórico de problema na coluna, a agressão sofrida agravou a comorbidade. 

“Tenho escoliose. Nas últimas eleições, fiquei travada por conta de um mal jeito. Logo, qualquer trauma na região é preocupante. Quando bati no chão, senti uma dor muito forte na região. A distância entre a cadeira somada à violência da investida da agressora poderiam ter me deixado inválida, visto que, tanto a tomografia quanto a ressonância, apontaram uma alteração em vértebra da coluna torácica. O fato é que senti o impacto e, nos dias que seguiram, senti dificuldade para me movimentar. Não consigo até hoje ficar muito tempo de pé, fato que não ocorria antes do incidente”, explica.

Quando alcançar alta médica para retornar ao trabalho, Myrella expressa seu desejo de continuar atuando na Saúde Municipal, setor no qual se dedica há anos. 

“Como servidora pública, estou à disposição da municipalidade e atuarei onde for mais produtiva. A Saúde me encanta, visto que é pasta onde mais atuei e onde tenho vasto conhecimento. A população precisa de atendimento de qualidade e humanizado; quero fazer parte de uma evolução positiva da saúde e a vida deve continuar. Não me deixarei abater pelo ocorrido. Se for da vontade da diretora, voltarei para a Saúde para exercer minha função de agente administrativa. Eu já havia sofrido todos os outros tipos de violência verbal, preconceito, discriminação, desrespeito de todos os tipos, inclusive na Câmara. Mas, violência física, foi a primeira (e espero que a última vez). As vezes, o peso parece demais, mas tudo isso deve ter um propósito”, concluiu a nobre.

 

Sob advertência de prisão, Valentina é impedida de se aproximar da vítima e de frequentar Soma 1, Central de Ambulâncias e Câmara 

Em edição extra do Diário Oficial de Bariri publicada no mesmo dia da agressão, o prefeito municipal, Airton Luís Pegoraro (Avante), instaurou “abertura de Processo Administrativo Disciplinar em face da servidora pública V.F.J.N. (Valentina Fátima João Navarro), lotada no emprego público de motorista”. A sindicância terá o prazo de 60 dias para apurar a conduta praticada pela funcionária. Pegoraro também afastou Valentina do cargo pelo período de 60 dias, ou seja, até a conclusão da sindicância.
Paralelamente à investigação interna da administração municipal, Myrella tomou suas próprias providências sobre o caso.

“Foi realizado Boletim de Ocorrência. Prestei depoimento na delegacia na semana passada, acompanhada de minha advogada, que acompanhará a sindicância e seguirá com todas as providências cabíveis. Solicitamos também medidas cautelares para preservar minha integridade física e dos meus familiares que foram acolhidas tanto pela promotoria, quanto pelo juiz".

Conforme decisão judicial que acatou a medida cautelar, Valentina está impedida de se aproximar de Myrella, devendo guardar distância mínima de 200 metros. Ela também está proibida de frequentar o Soma 1 (local da agressão), Central de Ambulâncias e Câmara Municipal de Bariri, devendo guardar distância mínima de 50 metros desses locais. O descumprimento das medidas cautelares pode acarretar na prisão preventiva da acusada.

 

Valentina alega “perseguição política”; Myrella rebate

Em nota enviada à imprensa também no dia da ocorrência, a defesa de Valentina, representada pelo advogado dr. João Vitor Sabbag, emitiu o seguinte pronunciamento:

“Sobre os fatos em questão, fui orientada por meus advogados a não me manifestar sobre o mérito do ocorrido. Afirmo que, a algum tempo, venho sendo politicamente perseguida e que isso resultou, inclusive, na minha transferência cientificada de forma jocosa por pessoas nomeadas a assumir minhas funções na manhã de hoje. Esclareço que me encontro em atendimento médico por suspeitar de uma lesão em minha costela e que nenhum dano ao patrimônio público ocorreu durante o desentendimento, diferentemente das informações que circulam”.


À nossa reportagem, Myrella Soares definiu a justificativa de “perseguição política” como “equivocada”. A nobre relembrou que, enquanto vereadora, no ano passado, denunciou ao Ministério Público um suposto abuso de horas extras praticada pela servidora. Para Myrella, a agressão ocorreu pelo fato de Valentina não ter aceitado a denúncia. Durante seu mandato no Legislativo, Myrella denunciou outros servidores ao MP por abuso de horas extras, como dentistas que atuavam na rede pública e recebiam valores exorbitantes de horas extraordinárias.

“A pessoa confunde minha atuação como vereadora com questões pessoais. No dia da agressão ela me disse: ‘Por que você me entregou para o Promotor?’. Entendi que ela havia levado para o pessoal. Recebi denúncia de que a pessoa estaria recebendo horas extras, mesmo atuando com Chefe da Ambulância – o que é irregular, visto que o cargo tem a gratificação específica para tanto. À época, eu segui o regimento interno pedindo informações da Diretoria de Saúde através de requerimento. A diretora nada fez e manteve a questão irregular. Por isso, levei ao conhecimento da promotoria, que exigiu providências por parte do Executivo. Segui o que a lei previa, sem agredir ninguém, não existe todavia, qualquer justificativa para uma agressão”, rebateu a parlamentar.